Manuel
Tenho notado que aqueles três estão estranhos, mas até agora ninguém me diz o motivo. Um dia desses passei pela sala dos três e vi que mudaram de luagares.
— Finalmente voltaram a aparecer na cantina. – digo.
— Fala como se não aparecessemos há séculos. – diz Carlos.
— É que faz tempo que não lanchamos juntos. O que aconteceu? – pergunto.
— Pergunta para a Eliza, eu vou comer em outro lugar. – diz Luiza assim que Eliza se aproxima de nós.
— Olá. – diz Eliza.
— Eu vou para a biblioteca, até mais Manuel. – diz Carlos e se afasta.
— O que está a acontecer? Por que eles saíram assim? – pergunto.
— Não sei. – diz Eliza comendo seu lanche.
— Já que ninguém quer me contar o que aconteceu, eu vou descobrir sozinho. – me afasto.
É tão chato ver eles nesse clima e não poder fazer nada.
...
Caminhando pela parte mais vazia da escola, encontro a Luiza com uma caixa cheia de borboletas que voam assim que ela abre. São tão coloridas que parece até um acontecimento mágico.
— Por que você gosta tanto de borboletas? – pergunto ao me aproximar.
— Elas são símbolo de mudança, primeiro elas praticamente se matam e depois se transformam em lindas borboletas. Eu gosto delas porque são semelhantes a mim, matei algumas coisas em mim na esperança de conseguir asas lindas como elas. – diz Luiza.
— E essa mudança, tem a ver com o que aconteceu entre vocês? – pergunto.
— Eu não sei o que aconteceu, só sei que desde o encontro de vocês, ela tem agido de forma estranha comigo, se afastou e me olha com raiva. – diz Luiza.
Então o que eu disse causou tudo isso.
— Não se preocupe, tudo vai se resolver. Eu preciso ir. – digo.
...
Volto para a cantina e a Eliza não está mais lá. A procuro por todos cantos até a encontrar na sala de aula solitária.
— Manuel, o que faz aqui? – pergunta com os olhos vermelhos, parece que ela esteve a chorar.
— Está tudo bem contigo? – pergunto.
— Me contaram uma coisa terrível sobre a morte de meu pai.
Lágrimas teimosas caiem de seus olhos.
A abraço.
Eliza
Estou só.
Fiz meus amigos se afastarem de mim, tudo porque queria o amor do Manuel.
Até ele me deixou sozinha aqui nesta cantina, antes era cheia de alegria e risos. Agora parece tão triste e solitária.
— Sozinha? – indaga Ana.
— Veio rir da minha cara? – pergunto cabisbaixa.
— Não, você é digna de pena, não de risos. – diz ela.
— Me deixa sozinha. – digo.
— Somos idênticas nesse ponto, fazemos tudo por amor, até perder as pessoas que mais gostam de nós. Você devia desistir enquanto é tempo, não tem muitas pessoas que querem ser suas amigas, acredita não vale a pena perder tudo por amor. – diz Ana pensativa.
— Eu não sou como você, não faria o que você fez com ninguém. Não sou louca como você, que é baixa o suficiente para se humilhar por alguém que te despreza. – digo com mágoa no coração.
Não pude suportar, ela comparar meu amor com uma obsessão.
— Agora eu entendo.
Ana sorri sínica.
— O quê? – indago.
— Porque seu pai preferiu se matar a ficar com você.
Me descontrolo, a empurro e corro dali.
Eu nunca perguntei como ele morreu, no fundo tinha medo de saber a verdade. Ele me deixou sozinha, não me viu como motivo suficiente para continuar vivo.
Eu gostaria de poder contar isso para o Carlos, a Luiza e talvez o Manuel. Carregar essa culpa sozinha é doloroso.
Vejo o Manuel na porta, limpo minhas lágrimas.
— Manuel, o que faz aqui? – pergunto.
— Está tudo bem contigo? – pergunta Manuel.
— Me contaram uma coisa terrível sobre a morte de meu pai.
Sentir seu abraço foi o melhor consolo que poderia ter naquele momento, enquanto isso meus olhos tiravam minha dor em forma de lágrimas.
— O que aconteceu? – pergunta Carlos ao lado da Luiza.
Abraço os dois ao mesmo tempo.
— Me desculpa, eu sou uma idiota. – digo.
— Eu concordo. – diz Luiza brincalhona – Por que está a chorar? Sei que não é por emoção de nos ver.
— Ana me contou como meu pai morreu... Ele se matou... – digo em meio a lágrimas.
— Seja o que for que ela disse, não acredite. – diz Luiza.
— Bom, ela não mentiu Luiza. Eu procurei saber na época, ele se suicidou. Desculpa não ter contado antes. – diz Manuel.
— Tudo bem, eu nunca perguntei sobre isso. – digo.
— Mas é que... Não se culpe pelo que aconteceu. – diz Luiza.
— Vamos ficar com você durante esse tempo. – diz Carlos.
— Eu não mereço vocês. – digo.
— A aula já vai iniciar, depois da aula vamos fazer algo juntos. – diz Luiza.
Luiza
Eu não acredito que ela teve coragem de contar a história do jeito que não revela a verdade.
Não tenho provas sobre isso, mas tem algo que eu nunca revelei para nenhum deles. O pai da Eliza e meu pai eram amigos, quando a notícia da morte de seu amigo chegou, vieram junto algumas suspeitas sobre os tios da Eliza.
Eu vou investigar sobre o que realmente aconteceu, tenho certeza que foi assassinato.
...
Depois da aula, fomos à casa do Carlos. Ele preparou um lanche delicioso para nós.
Ficamos a ver um filme que escolhi, terror. Fizemos um sorteio, por isso escolhi o filme.
Em algumas cenas o Carlos e a Eliza fechavam os olhos para não ver. Esses dois medrosos.
Cantamos karaokê juntos e nos divertimos muito.
Fico feliz que estejamos unidos novamente, é bem melhor assim.
— Eu tenho convites para vocês, nós vamos para um baile de um não tão amigo meu. – digo.
— Quem é seu não tão amigo? – pergunta Carlos.
— O nome dele é André. – digo.
Noto uma mudança na expressão da Eliza, quando eu falo o nome do André.
— Bom, você já disse praticamente que estamos intimados a ir, só podemos ir. – diz Manuel.
— É, iremos contigo. – digo Carlos.
— E você? – pergunto à Eliza.
— Eu também irei.
O bendito dia já se aproxima, pelo menos tanto meus amigos de infância e os da escola estarão lá. Não será entediante.

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Amor puro
RomantizmEliza é uma moça que passa por várias dificuldades na vida, mas sempre busca ser gentil e cuidar dos outros. Apesar de carregar uma grande dor, é positiva e enxerga o mundo com os olhos do amor. Seus pontos fortes são o altruísmo e a amizade. Luiza...