Capítulo 19

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Manuel

Tenho notado que aqueles três estão estranhos, mas até agora ninguém me diz o motivo. Um dia desses passei pela sala dos três e vi que mudaram de luagares.

— Finalmente voltaram a aparecer na cantina. – digo.

— Fala como se não aparecessemos há séculos. – diz Carlos.

— É que faz tempo que não lanchamos juntos. O que aconteceu? – pergunto.

— Pergunta para a Eliza, eu vou comer em outro lugar. – diz Luiza assim que Eliza se aproxima de nós.

— Olá. – diz Eliza.

— Eu vou para a biblioteca, até mais Manuel. – diz Carlos e se afasta.

— O que está a acontecer? Por que eles saíram assim? – pergunto.

— Não sei. – diz Eliza comendo seu lanche.

— Já que ninguém quer me contar o que aconteceu, eu vou descobrir sozinho. – me afasto.

É tão chato ver eles nesse clima e não poder fazer nada.

...

Caminhando pela parte mais vazia da escola, encontro a Luiza com uma caixa cheia de borboletas que voam assim que ela abre. São tão coloridas que parece até um acontecimento mágico.

— Por que você gosta tanto de borboletas? – pergunto ao me aproximar.

— Elas são símbolo de mudança, primeiro elas praticamente se matam e depois se transformam em lindas borboletas. Eu gosto delas porque são semelhantes a mim, matei algumas coisas em mim na esperança de conseguir asas lindas como elas. – diz Luiza.

— E essa mudança, tem a ver com o que aconteceu entre vocês? – pergunto.

— Eu não sei o que aconteceu, só sei que desde o encontro de vocês, ela tem agido de forma estranha comigo, se afastou e me olha com raiva. – diz Luiza.

Então o que eu disse causou tudo isso.

— Não se preocupe, tudo vai se resolver. Eu preciso ir. – digo.

...

Volto para a cantina e a Eliza não está mais lá. A procuro por todos cantos até a encontrar na sala de aula solitária.

— Manuel, o que faz aqui? – pergunta com os olhos vermelhos, parece que ela esteve a chorar.

— Está tudo bem contigo? – pergunto.

— Me contaram uma coisa terrível sobre a morte de meu pai.

Lágrimas teimosas caiem de seus olhos.

A abraço.

Eliza

Estou só.

Fiz meus amigos se afastarem de mim, tudo porque queria o amor do Manuel.

Até ele me deixou sozinha aqui nesta cantina, antes era cheia de alegria e risos. Agora parece tão triste e solitária.

— Sozinha? – indaga Ana.

— Veio rir da minha cara? – pergunto cabisbaixa.

— Não, você é digna de pena, não de risos. – diz ela.

— Me deixa sozinha. – digo.

— Somos idênticas nesse ponto, fazemos tudo por amor, até perder as pessoas que mais gostam de nós. Você devia desistir enquanto é tempo, não tem muitas pessoas que querem ser suas amigas, acredita não vale a pena perder tudo por amor. – diz Ana pensativa.

— Eu não sou como você, não faria o que você fez com ninguém. Não sou louca como você, que é baixa o suficiente para se humilhar por alguém que te despreza. – digo com mágoa no coração.

Não pude suportar, ela comparar meu amor com uma obsessão.

— Agora eu entendo.

Ana sorri sínica.

— O quê? – indago.

— Porque seu pai preferiu se matar a ficar com você.

Me descontrolo, a empurro e corro dali.

Eu nunca perguntei como ele morreu, no fundo tinha medo de saber a verdade. Ele me deixou sozinha, não me viu como motivo suficiente para continuar vivo.

Eu gostaria de poder contar isso para o Carlos, a Luiza e talvez o Manuel. Carregar essa culpa sozinha é doloroso.

Vejo o Manuel na porta, limpo minhas lágrimas.

— Manuel, o que faz aqui? – pergunto.

— Está tudo bem contigo? – pergunta Manuel.

— Me contaram uma coisa terrível sobre a morte de meu pai.

Sentir seu abraço foi o melhor consolo que poderia ter naquele momento, enquanto isso meus olhos tiravam minha dor em forma de lágrimas.

— O que aconteceu? – pergunta Carlos ao lado da Luiza.

Abraço os dois ao mesmo tempo.

— Me desculpa, eu sou uma idiota. – digo.

— Eu concordo. – diz Luiza brincalhona – Por que está a chorar? Sei que não é por emoção de nos ver.

— Ana me contou como meu pai morreu... Ele se matou... – digo em meio a lágrimas.

— Seja o que for que ela disse, não acredite. – diz Luiza.

— Bom, ela não mentiu Luiza. Eu procurei saber na época, ele se suicidou. Desculpa não ter contado antes. – diz Manuel.

— Tudo bem, eu nunca perguntei sobre isso. – digo.

— Mas é que... Não se culpe pelo que aconteceu. – diz Luiza.

— Vamos ficar com você durante esse tempo. – diz Carlos.

— Eu não mereço vocês. – digo.

— A aula já vai iniciar, depois da aula vamos fazer algo juntos. – diz Luiza.

Luiza

Eu não acredito que ela teve coragem de contar a história do jeito que não revela a verdade.

Não tenho provas sobre isso, mas tem algo que eu nunca revelei para nenhum deles. O pai da Eliza e meu pai eram amigos, quando a notícia da morte de seu amigo chegou, vieram junto algumas suspeitas sobre os tios da Eliza.

Eu vou investigar sobre o que realmente aconteceu, tenho certeza que foi assassinato.

...

Depois da aula, fomos à casa do Carlos. Ele preparou um lanche delicioso para nós.

Ficamos a ver um filme que escolhi, terror. Fizemos um sorteio, por isso escolhi o filme.

Em algumas cenas o Carlos e a Eliza fechavam os olhos para não ver. Esses dois medrosos.

Cantamos karaokê juntos e nos divertimos muito.

Fico feliz que estejamos unidos novamente, é bem melhor assim.

— Eu tenho convites para vocês, nós vamos para um baile de um não tão amigo meu. – digo.

— Quem é seu não tão amigo? – pergunta Carlos.

— O nome dele é André. – digo.

Noto uma mudança na expressão da Eliza, quando eu falo o nome do André.

— Bom, você já disse praticamente que estamos intimados a ir, só podemos ir. – diz Manuel.

— É, iremos contigo. – digo Carlos.

— E você? – pergunto à Eliza.

— Eu também irei.

O bendito dia já se aproxima, pelo menos tanto meus amigos de infância e os da escola estarão lá. Não será entediante.

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