Amor puro

Capítulo 41

Luiza

— Mãe! – me chama o pequeno ser vestido de uniforme escolar.

É minha filha, Andra.

— Como foi a aula? – pergunto a pegando no colo.

— Foi boa, mãe. Quero ir para casa do vovó! – diz ela com os olhos brilhando.

— Claro, eu preciso resolver algo e você pode brincar com ele. – digo.

...

Deixei minha filha com o avó e fui directo para a fábrica. Pode mudar muita coisa, menos o facto de eu cumprir meu dever de herdeira.

— Rainha. – diz o André ao me ver.

Meu velho bom inimigo, não é mais meu inimigo, é um bom parceiro de negócios.

O mal entedido com o meu pai foi resolvido, descobriram a verdadeira culpada. Lyla foi quem envenenou e matou o próprio pai, por sei lá qual motivo, meu pai descobriu e contou tudo para o André

Sua irmã foi expulsa de sua casa, mas apesar de tudo, ele comprou um lugar para ela viver e deu dinheiro para recomeçar.

— Veio buscar mais pedras preciosas? – pergunto.

— Sim, quero fazer novas joias. Se quiser, posso criar uma especialmente para você. – diz André com um sorriso.

— Não precisa, eu não gosto de coisas assim. – digo.

— E o fio? – pergunta.

— É diferente, foi um bom amigo que me deu. – digo caminhando para dentro da fábrica.

— E eu não posso? Somos amigos também. – diz ele me seguindo.

— Não seja emocional, André. – abro uma caixa cheia de armas – Você não precisa me dar nada, sua lealdade é o suficiente.

Tiro uma arma e a avalio.

— Soube do Marco? – pergunta.

— Não, estamos afastados faz algum tempo.

Marco há um tempo atrás revelou que abrigou minha maior inimiga, a mesma idiota que tentou me matar, só que na última hora não teve coragem. Eu não consigo confiar nele tão cedo, aquela vadia foi responsável pela dor que Manuel, eu e meu tio Adriano sofremos. Pois é, agora eu e Adriano somos como família, do jeito que deveria ser.

É uma pena que não pode acontecer o mesmo com a Eliza, que desapareceu da minha vida.

— Por quê? – pergunto.

— Ele e a Diana vão se casar, no próximo mês. – responde André.

— O quê?

...

Depois de checar as coisas na fábrica, fui dirigindo para casa de meu pai, pensando no que o André me contou.

Como pode ele se casar com minha inimiga? Mesmo depois de tudo o que ela fez, até hoje não se sabe se a Helena está viva.

Pelos vistos, para ele, o que aconteceu com a Helena é sem importância que se permite amar aquela cobra.

Assim que chego na casa de meu pai, encontro Manuel com a Andra no colo, prestes a sair de casa.

— O que faz aqui? – pergunto surpresa.

— Vim buscar minha filha. – diz ele.

— Não precisava, eu já ia levar ela pra casa. – digo entrando.

— Nós já tinhamos conversado sobre isso. – diz ela se virando para mim.

— Ela sentiu saudades e eu a trouxe. Sabe que não preciso pedir permissão, ela é minha filha. – digo colocando água no copo.

Ele coloca Andra deitada no sofá e vem até mim.

— Ele só faz mal para vocês duas. – diz Manuel em um tom de preocupação.

Suspiro.

— Sei que não gosta dele, Manuel. Mas ele é meu pai e não vou me afastar dele.

— Não quero que aconteça o mesmo que aconteceu com sua mãe, esse mundo de seu pai é perigoso e violento. – diz Manuel com medo em seus olhos.

Toco seu rosto com delicadesa e uno nossas pontas do nariz.

— Eu já te disse, não vai me perder.... Nunca. – ele me beija.

Perto dele, sinto que estou segura, que estou viva e nada irá nos separar.

Eliza

Várias fotos com tantas lembranças, é como se eu pudesse viajar no tempo.
Faz tanto tempo que não os vejo, nem falo com eles.

Talvez, eu não precisasse me afastar deles, mas achei necessário para não estragar sua nova vida e felicidade. Eles sacrificaram por mim, eu precisei fazer o mesmo e agora retornarei para meu antigo lar.

...

— Eu mantive o local limpo para vocês, bem vinda de volta. – diz Ana com um sorriso e a abraço.

— Agradeço pelo que fez por mim... você é a única família que tenho agora. – digo me afastando do abraço.

— Não precisa agradecer, fico feliz que está por aqui. Poderá conhecer sua sobrinha, Laila. – diz Ana animada.

Ana se casou com o amor de sua vida, o Rodrigo. Eles são felizes juntos, o Rodrigo é um bom pai e marido agora.

— Irei conhecer, com certeza. – me sento no sofá – Sabe algo de meus amigos?

— Bom... O Carlos se casou com a Angelica, eles são o casal mais feliz que já vi.

Fico feliz por saber que meu amigo encontrou a felicidade e tem alguém ao seu lado para o apoiar.

— E o Manuel? – pergunto com o coração na mão.

— Pensei que ia perguntar assim, “e a Luiza e o Manuel?” Enfim, cá vai a resposta, o Manuel se casou com a Luiza e têm uma filha linda.

Eu já esperava que fossem ficar juntos, mas algo dentro de mim, ainda tinha esperança de que fosse ao contrário.

— Estou feliz que eles.

De repente sinto meu rosto ficar molhado, estou chorando e não consigo parar.

Eu tentei de todas formas deixar de amar o Manuel, conheci pessoas incríveis, mas eu sempre acabava os comparando com o Manuel. Por que não posso esquecer ele?

— Eu acho que não foi boa ideia voltar. – diz Ana.

Limpo minhas lágrimas.

— Eu precisava voltar, vou tentar recomeçar aqui e fazer o que o tio Romeu pediu no leito de morte, ser feliz.

Carlos

Angelica cantarola pela casa e dança na sala, sua alegria enche meu coração. Nunca imaginei amar tanto alguém como a amo, tudo nela me encanta.

Seu amor me deu força para seguir em frente, superar um amor não correspondido e finalmente viver um amor verdadeiro.

— Carlos. – ela para de dançar e vem até mim.

Me abraça forte e sorri para mim.

— Sou muito sortudo por te ter ao meu lado. – digo.

— Eu que sou, por ter um marido incrível e talentoso na cozinha.

— É, eu sou incrível. – digo brincalhão.

Ela ri.

— Bobo.

— Recebi um convite do Lauro, para a festa de seu filho, Dércio. – entrego os convites para Angelica.

— Nosso pequeno sobrinho, cinco anos já. Temos que dar um priminho para ele. – diz ela com um sorriso.

— O que acha de fazer isso já? – faço cocégas nela que ri e acaba caindo do sofá.

Me aproximo dela, ainda no chão, e a beijo.

— Te amo.

Tudo o que peço ao céus é que nunca, jamais me tire do lado dela.