Procura

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– S-sumiu? – Eu desacreditei no que ouvi. Não podia ser verdade. – Harriet, por Deus, explique-me!

Os lábios de minha irmã se retorceram, a umidade em seus olhos se acumulando no encontro com as pálpebras inferiores.

– Edward... – A voz dela tremeu quando falou. – Ele estava comigo. Estávamos no jardim, eu lia sentada em uma toalha sobre a grama e deixei o carrinho dele a meu lado. Théo estava tranquilo, quieto, acreditei até que estivesse com sono e que logo dormiria, por esta razão não me preocupei em vigiá-lo o tempo todo. Então, acabei me entretendo na leitura mais do que deveria... – Minha irmã fungou. – Tempo depois, quando fui averiguar se ele estava bem, Théo já não estava lá.

Eu inclinei minha cabeça para um dos lados.

– Théo não estava mais no carrinho?

– Não. – Os lábios de Harriet tremeram. – Foi minha culpa, Edward. Foi minha culpa por não tê-lo vigiado.

– Mas Théo... como ele poderia ter saído do carrinho? – Questionei sem esperar por uma resposta.

– Eu não sei... – Harriet lamentou.

– Ainda assim, ele não pode ter ido longe. – Respondi.

– Já procuramos em todo o jardim. Theodore simplesmente não está em lugar algum.

– E na casa? Procuraram dentro de casa? – Eu me apeguei a uma esperança.

Ela assentiu positivamente com a cabeça.

– Começamos a procurar. Estávamos ocupados nesta tarefa quando chegou, meu irmão. E a ausência dele por enquanto está me deixando desesperada. É tudo culpa minha, Edward. – As primeiras lágrimas correram pelo rosto de minha irmã, reflexos do medo que atingia seus olhos.

– Acalme-se, Harriet. – Eu a segurei pelos ombros, meu coração se sacudindo em meu peito pela simples possibilidade do desaparecimento concreto de meu irmão. – Alguém, alguém deve ter tê-lo visto, ou tê-lo pego. Um bebê não pode ter ido longe nem deixado a casa.

– Mas quem, Edward? Eu estava sozinha...

– Não se recorda de alguém ter passado por vocês? Com tantos criados na casa, algum deles deve ter atravessado o jardim em algum momento.

– Eu teria notado se alguém o tivesse tirado do carrinho. Não sou tão negligente. – Ela respondeu demonstrando mágoa, não somente comigo, pela suposição a que minha pergunta suscitava, mas também consigo mesma.

– Precisamos pensar em todas as possibilidades. – Eu disse em um tom calmo. – Está certo, creio não ser a melhor suposição, mas ainda é, de certa forma, factível. E se nosso irmão tivesse saído do carrinho sozinho e engatinhado alguns metros até ter encontrado alguém?

– Mas quem?

– Não acredito que nenhum invasor tenha conseguido entrar em Manchester House... – E eu esperava estar certo em minhas convicções. – Então a alternativa que nos resta ainda são os criados.

– Acredita que algum deles possa ser... capaz? – Os olhos de Harriet se abriram em espanto com a mera suspeita.

– Não sei, mas precisamos averiguar. Agora mesmo. – Falei firme.

– Wallace, – virei-me para o mordomo e soei o mais imperativo que pude – convoque todos os empregados e os traga até aqui imediatamente.

– Claro, milorde.

Quando Wallace correu corredor adentro, Harriet se jogou contra o meu peito, chorando.

– Edward... – Os seus braços me envolveram com força. – Se não o encontrarmos... – Ela soluçou. – O que direi a papai, e o pior, o que direi a mamãe?

Flor de East EndOnde histórias criam vida. Descubra agora