– Minha mãe. – Depositei um beijo na bochecha dela, recebendo um sorriso amável em resposta.
Depois, dirigi-me a meu pai, tomando sua mão e a beijando.
– Meu pai.
Particularmente, ele dispensava estes gestos, mas todos nós fomos ensinados por nossa avó a recebê-lo com tal polidez. Afinal, ele era o duque de Manchester, a autoridade da casa.
Verdade é que no início meu pai se aborrecia, mas quando lhe explicamos que não o fazíamos pelo protocolo em si e sim por respeito à sua figura, a qual admirávamos, ele não fez mais objeções. Mesmo assim, toda vez que fazíamos tal gesto, víamos em seus olhos a mensagem silenciosa que nos dizia que nada daquilo era necessário.
– Fizeram boa viagem? – Enquanto eu perguntei foi a vez de William os saudar do mesmo modo.
– Considerando que o caminho de Edimburgo até Londres é precário, eu diria que sim. – Meu pai respondeu.
– E o como fora a reação aos achados? – Perguntei ansioso.
Eles haviam ido à Escócia para um encontro científico entre arqueólogos. Iriam apresentar algumas teorias sobre os últimos achados de Arkaroo Montains, o sítio em que meu pai começou uma expedição há alguns anos atrás no qual mantinha uma equipe ativa na Austrália.
– A reação não fora tão inflamada quanto àquela reservada à apresentação realizada por uma dama. – Meu pai olhou para minha mãe, os dois compartilhando uma transgressão e uma vitória. – Confesso que é bastante prazeroso quando testemunho a plateia descobrindo que é Katherine quem irá discursar sobre nossos estudos.
Minha mãe exibiu um sorriso orgulhoso e me indagou:
– E quanto a você, filho? Como fora em sua tarefa de o senhor da casa?
– Bem, admito que acreditei que a tarefa fosse mais fácil, mas...
– Mas? – Meu pai levantou uma das sobrancelhas, preocupado.
– Além de me ver diante de uma tarefa exaustiva, enfrentei alguns pequenos percalços.
Ele me lançou um olhar reconfortante.
– Um dos percalços fora ter que lidar com Harriet perdendo Theodore. – Andrew apareceu no cômodo, sendo seguido justamente por Harriet e também por Rose.
– Eu não perdi Theodore! – Nossa irmã protestou.
– Perdeu Theodore? – Minha mãe se alarmou, o semblante se franzindo em inquietação. – Explique, Edward. Aliás, diga-me, onde está o meu pequeno?
– Não dê ouvidos a Andrew, minha mãe. Ele gosta de inflamar as conversas. – Falei.
– E eu não perdi Theodore! – Reafirmou Harriet, indignada pela acusação.
– O que se sucedeu afinal? – Meu pai intercedeu.
– Foi Theodore quem fez uma travessura. Harriet estava com ele no jardim. Enquanto ela lia um livro, ele sumiu de sua vista.
– Sumiu? – Minha mãe levou a mão ao peito.
– Não sabemos como, mas ele conseguiu descer do carrinho e percorreu o jardim até se esconder dentro de um arbusto.
– E foi lá onde o encontramos após uma longa busca pela casa e uma boa dose de aflição. – William complementou.
– Mas e ele, está bem? Não se feriu? – Minha mãe quis saber.
– O traquina americano segue intacto. – Andrew respondeu.
Meu pai fez careta ao reprimi-lo:
– Andrew, pare de chamar seu irmão de traquina.
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Flor de East End
RomansaA noite pareceu promissora para o jovem Edward Walker: ele decidira descobrir os prazeres carnais que até então lhe eram desconhecidos aceitando o convite a uma incursão a Whitechapel, a área de Londres mais decadente e contrastante com sua vida de...