Lições sobre fazer amor - parte 2

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– Não sejam afobados. Tenham paciência e saibam reconhecer os sinais de que a dama também está chegando a seu clímax. – Nosso pai já havia nos dado uma infinidade de explicações mais práticas sobre o assunto e agora parecia estar chegando ao fim de seus ensinamentos.

– É possível conseguir controlar este nosso ímpeto derradeiro? Digo, parece-me que o ápice de um cavalheiro é involuntário. – William perguntou.

– Decerto conseguimos. Se estiver sintonizado com a dama, conseguirá esperá-la para que atinjam o auge juntos. E posso dizer que esta é uma das qualidades que uma mulher preza muito em um cavalheiro: quando se é gentil o bastante para compartilhar o prazer simultaneamente.

Sincronia. Sintonizados. Eu concluí que não deveria ser qualquer par de homem e mulher que realizariam tal façanha. Isto demandava conhecer a sua parceira e ser paciente, como meu pai dissera. Jamais encontraria tal harmonia em uma dama desconhecida, contratada por uma noite em um bordel, seja ele de luxo ou não.

– E como elas reagem ao chegar a este ápice? – Andrew quis saber.

– Fisicamente, a dama os terá mais apertada entre si. Porém, esta pressão em nossa masculinidade nos incitará a expelir nossa semente dentro dela.

– Mas não devemos fazê-lo, certo? – Foi a minha vez de perguntar.

– Não. Se a dama com quem estiverem não for sua prometida, nem sua esposa, não. Não seria certo.

– Fico a imaginar por que temos o direito de conhecer as damas, sem compromisso, e elas por sua vez, não o podem. Exceto para aquelas que trabalham para isto, é o risco de sua reputação maculada ou de consequências terríveis.

Andrew revirou os olhos.

– Está parecendo Harriet em seus discursos de querer ter direitos iguais a nós.

– Não acho que ela esteja errada em alguns de seus pontos.

– Faço das suas palavras as minhas. – Meu pai concordou, deixando Andrew quase boquiaberto. – Mas por ora, vamos nos ater a nossas questões, não à dinâmica de nossa sociedade ultrapassada.

– Continue, meu pai. – Pedi.

– Pois bem, quando a dama enfim chega a seu ápice, pode reagir de diferentes maneiras. Umas gritam, outras o agarram com força, deixando-lhes marcas de unhas pela pele, e outras, depois de gritarem, sentem-se extremamente relaxadas.

Andrew coçou o pescoço, imaginando arranhões imaginários.

– O que exatamente seria esta fase de relaxamento? – Perguntei.

– É uma espécie de exaustão passageira, que vem acompanhado de uma sensação similar a uma sonolência. Mas é algo positivo. Não se assustem se acontecer com vocês. – Os olhos de nosso pai faiscaram com um brilho diferente. – Os franceses o apelidaram de La petite mort.

La petite mort? – Andrew arregalou os olhos, perturbado. – Está certo de que seja algo bom?

– O nome é um pouco dramático demais, mas confie em mim. Se causarem uma petite mort em uma dama, é sinal de que fizeram um bom trabalho. – Nosso pai piscou para nós.

– Destas reações, qual delas o senhor mais gosta de causar à nossa mãe? – William teve a ousadia de perguntar, as maçãs do rosto corando-se.

Nosso pai pigarreou. Creio que não estava esperando por aquela pergunta.

– Bem... – ele observou a feição de cada um de nós, ganhando tempo, percebi. – Gosto quando Katherine relaxa. Costumo tomá-la nos braços e envolvê-la com meu corpo e então, ficamos assim, quiescentes por um tempo, retomando nosso fôlego, recuperando nossa disposição até que possamos fazer tudo de novo.

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