No dia seguinte, quando despertei, percebi que havia perdido a hora.
– Céus, onze da manhã! – Exclamei ao olhar o relógio.
Levantei-me e me dirigi até o aparador, onde entornei a jarra de água na bacia de louça. Uni as mãos em concha empoçando a água então lavei o rosto. Escorando os cotovelos no móvel, observei meu reflexo no espelho.
As lembranças da tarde anterior me atingiram: os beijos de Sophie, suas mãos me despindo das roupas, ela se ajoelhando diante de mim e o beijando, sugando-o, mordiscando-o...
Fechei os olhos, consumido pela recordação de arrebatamento da qual Sophie havia me presenteado. Involuntariamente, levei a mão às calças, sentindo-o rígido graças à costumeira ereção matinal.
No entanto, eu sentia que aquela entrega não fora o suficiente e eu me peguei pensando na próxima vez em que encontraria Sophie. Já não podia negar que desejava me enterrar nela, derramar-me em seu interior. Oferecer-lhe o equivalente, fazê-la arquear o corpo e emitir ruídos tão pouco decorosos. Porém, ela não estava pronta. Contraditoriamente, ficara claro para mim que Sophie não era mais uma moça casta. Já havia vivido aquilo que eu ansiava, pois uma dama que conduzia aquela atividade lasciva com total domínio como ela fizera na tarde passada não era ignorante em relação aos prazeres da carne. Em decorrência desta conclusão, eu me perguntava: se ela já havia vivenciado aquilo, por que hesitava em fazê-lo comigo?
Além disto, agora que eu fora iniciado, o anseio por mais era normal? Eu temia me ver tendo estes pensamentos despudorados com mais frequência nos próximos dias.
Puxei o tecido da calça para frente e observei minha masculinidade inchada e dura. Então peguei a mesma bacia de porcelana de água fria e a derramei sobre ele.
~*~
O café já havia sido servido há horas, de modo que precisei me esgueirar até a cozinha de Manchester House para afanar o resto do que fora servido de manhã. Felizmente, a senhora Brooks, a cozinheira líder, evitou que eu fizesse o papel de garoto travesso, oferecendo-me de bom grado as iguarias não consumidas.
– Se a duquesa viúva o flagra por aqui, sentado nesta mesa, no ambiente serviçal, certamente nos recriminará. – Ela me advertiu.
– Minha avó deveria saber que as novas gerações dos Walker não são muito apegadas à etiqueta.
– Mas ela não concorda. Nem aceita.
Dei de ombros, mastigando um bolinho de framboesa, que por sinal estava divino.
– Milorde sabe que apesar de não admitir, a viúva nunca se conformou com o casamento de seu pai?
Eu parei com o bolinho no ar, à frente da boca aberta. De fato, outro dia em que discutimos, minha avó realmente se referira à minha mãe de maneira desrespeitosa.
– Sua avó nunca pôde fazer nada, mas a duquesa, sua mãe, nunca foi a nora que ela sonhou.
– Mas é a duquesa, minha mãe, Katherine Walker, a única a fazer o filho dela feliz. – Falei com ar de quem dizia uma verdade absoluta.
– Eu sei. Creio que todos nesta casa sabem, principalmente os criados mais velhos. Era nítido aos nossos olhos que o então marquês era infeliz quando jovem. Hoje, no entanto, apesar de assumir o papel que sempre renegara, há um brilho nos seus olhos. Por causa dela.
– E não era assim que deveria ser, senhora Brooks? Que um casamento trouxesse felicidade?
– Não estou certa de que vocês nobres são felizes em seus arranjos matrimoniais. A união de sobrenomes tradicionais, ilustres e respeitáveis parece-me apenas um acordo frágil e de aparências. – A cozinheira cortou uma fatia de torta de carne para mim. – Pensando nisto, se me permite mais uma ousadia, está ciente de que a duquesa viúva deposita grandes expectativas em si?
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Flor de East End
Любовные романыA noite pareceu promissora para o jovem Edward Walker: ele decidira descobrir os prazeres carnais que até então lhe eram desconhecidos aceitando o convite a uma incursão a Whitechapel, a área de Londres mais decadente e contrastante com sua vida de...