Encontro marcado

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***Eis que vamos trocar nosso narrador! Sim, Flor de East End vai seguir a linha de dual pov como Flor do deserto! Então, vamos conhecer agora um pouco mais dos pensamentos e sentimentos da senhorita Sophie Grantham! Boa leitura!***


[Sophie Grantham]


Acompanhei o senhor Tyrell até a porta, onde inesperadamente encontrei, recostado na parede, lorde Stretford.

Quando nos viu, tratou logo de se aprumar, oferecendo-nos um cumprimento cordial:

– Boa tarde... senhores – ele se demorou, escolhendo as palavras, seus olhos se detendo em mim, lembrando-se de meu disfarce.

O senhor Tyrell se limitou a tocar na aba do chapéu em um cumprimento rápido, pondo-se em retirada em seguida. Eu aguardei até que ele se afastasse de nós para dizer:

– Não estava esperando-o.

– Parece-me que a senhorita nunca está.

– A mim não estava claro que milorde retornaria.

– Creio ter deixado claro minhas intenções de ajudar com a casa, portanto, minhas visitas deveriam ser esperadas. E aguardadas, por que não? – Lorde Stretford ofereceu-me um pequeno sorriso presunçoso.

Eu espreitei a rua a nosso redor. Não era prudente que continuássemos a prosa ali, na frente da casa, à vista de qualquer um.

– Venha. Vamos entrar.

Ele me seguiu sala adentro.

– Não deve vir sem avisar. Pode não ser o dia nem hora propício. – Eu declarei quando estávamos em segurança. – Aliás, não teme por sua reputação em estar aqui constantemente?

– Por que eu deveria temer por minha reputação? – Stretford não pareceu estar zombando. Ele verdadeiramente não entendera a questão a qual eu me referia.

– Os habitantes de Whitechapel se conhecem muito bem, logo saberão que não é daqui. O que não é um problema a princípio, mas se sua presença for frequente... Bem... Sempre há curiosos que teimam em descobrir a origem das pessoas e quais são seus assuntos no bairro.

– Isto vale para a senhorita também? – Ele me indagou.

– Decerto que sim. Não é por acaso que sou conhecida como senhor Grantham. Um filantropo.

– Sendo assim, posso ser o senhor Stretford, um outro filantropo. – Meu visitante rebateu com uma simplicidade quase ingênua.

– Não pense que é tão simples assim. A senhora Bentley já me alertara de que alguns vizinhos desconfiam de que há algo errado no senhor Grantham.

Lorde Stretford tirou o chapéu da cabeça e deslizou uma das mãos pelos cabelos loiros lisos e bem-cuidados.

– E logicamente, isto é um risco a tudo. – Ele concluiu.

– Sim. E tal desconfiança também gera um risco a milorde. Agora imagine uma onda de mexericos envolvendo a nós dois...

Lorde Stretford deu de ombros, como se aquela possibilidade terrível não o afetasse.

– A sociedade e sua obsessão em julgar o que é certo e errado... – Ele comentou, balançando a cabeça de um lado a outro. – Não vejo crime algum em ser amigo de uma dama e de visitá-la em um abrigo de crianças.

– Pois eu vejo algo muito inusitado – eu ia dizendo, mostrando-me contrária, até que me dei conta de suas palavras – mas ora, nós não somos amigos, lorde Stretford!

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