Acolhida

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Wednesday

A bandeja nas mãos era leve comparado ao peso da preocupação, já tinha planejado algo e esperava muito que desse certo.

Não conversaram muito até aquele momento, pediu para que a loba tomasse um banho enquanto buscaria algo na cantina. E estava naquele instante voltando para o dormitório.

Quando abriu a porta deu de cara com Enid deitada em sua cama enquanto abraçava seu travesseiro, os olhos fechados se abriram com preguiça.

— Está melhor? — Depositou a bandeja na mesa e se sentou.

— Mentiria se falasse que sim.

— Quer conversar? — Depositou uma mão na perna da maior.

— Wednesday, tem coisas muito estranhas acontecendo naquela casa. Tem coisa muito errada com os Alaric.

Percebeu o medo novamente transparecendo nos olhos azuis. A voz trêmula e as lágrimas persistentes mostravam que algo estava a consumindo por dentro.

Era como estar em filme de terror onde o protagonista contava um segredo importante para o parceiro, viu aquilo milhares de vez. A expressão de espanto, angústia e receio era característica de quem vivenciou algo fora do normal.

— Eu to com medo — Tentou segurar o choro — Eles sabem que estive no alçapão. Eu sei que sabem, Wed.

— Enid, como eles saberiam? Você saiu de lá antes que te vissem — Limpou as lágrimas da garota.

— Meu celular sumiu, Wednesday — Falou em um sussurro — E a Chloe, ela disse antes de eu dormir sobre estarmos sendo observadas pelo pai dela. Wed, ela não é normal, escuta coisas... Ela foi atrás de mim de noite porque uma voz falou para ela fazer.

— Eu não conheço essa criança, mas se ela tirou você de lá é porque ela sabe que algo poderia ocorrer. — Segurou lhe a mão, estavam frias — Enid, você quer alguém que conheça mais a própria família do que um integrante dela? Essa voz que ela escuta, o que mais a menina disse sobre ela?

— Que ela quer me ajudar, porque vê coisas que eu não vejo e eu tenho vantagem sobre isso — Estava frustrada — Eu não tenho ideia do que está acontecendo. Chloe olha pro armário fixamente, diz que estava sendo observada, fecha o bendito armário, depois ela disse que a voz falou com ela e aí quando acordo a porta do armário está aberta, a chave não está na fechadura e meu celular sumiu.

— Enid, o que ela tinha dito com aquele aviso? — Sinclair lhe encarou confusa.

— Paredes tem ouvidos.

— A casa é vitoriana, não é? — Concordou. Aquele pensando lhe assustou, não queria estar certa na teoria — Enid, eu tenho quase certeza de que tem passagens nas paredes que levam para os cômodos.

O espanto acometeu o ser da loba em sua frente, viu Sinclair perdendo a cor que quase não havia em seu rosto.

— O armário é a entrada e saída, por isso Chloe fechou ele durante a noite— Casas do século passado carregavam vários segredos, sabia daquilo porque a mansão Addams não era diferente, havia cômodos que descobrirá por pura sorte e que nem sabia da existência — Agora faz sentido, o filha da mãe entra pelos armários e fica nas paredes, escuta ou vê coisas por meio de buracos. E a menina sabe disso.

— Eu não quero voltar para lá — Fez um barulho semelhante ao de um filhote de cachorro. Já havia presenciado esse tipo de comportamento antes. Enid também fazia esse som quando tinha pesadelos ou em uma situação em que estava apavorada.

Don't give up (Wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora