Eu amo você

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Enid

Amanda se aproximou a passos lentos, a mulher estendeu a mão tremula em sua direção. Os olhos marejados custavam a acreditar que aquilo era real, a mulher lhe afagou o rosto.

Sentiu o coração apertar no peito, não se lembrava dela, nem se quer possuía lembranças com ela, mas o toque, o toque era familiar. Dizem que por mais que não recordemos de certas coisas na vida, o cérebro tem a capacidade de guardar, como se fosse um baú cheio de memórias esquecidas.

E aquele toque, e a sensação que o mesmo lhe causou, foi retirado do fundo do baú.

— Como você cresceu — A voz estava embargada — Está tão bonita.

— Achei que não iria me reconhecer — Amanda negou de prontidão.

— Como eu não reconheceria esses olhos, esse rosto, você não mudou nada, Enid — Não tinha como negar certas semelhanças entre si mesma e Amanda, os olhos claros tinham sido herdados dela.

— Emma e Isabel, estamos todas juntas agora — Viu os olhos azuis se iluminarem.

— Isabel, ela está viva?

— Está, eu a encontrei, Josephine a protegeu durante um bom tempo — Foi naquele momento que quase viu a mais velha desabar — Mas isso não significa que ela está em segurança.

— Gregory — O nojo ao falar o nome do Alaric foi nítido — Aquele desgraçado.

— Ele também tem um acordo comigo — Amanda lhe encarou assutada, a mulher começou a negar freneticamente com a cabeça e recitar as palavras "Não" sem parar — Minha outra mãe foi quem fez o acordo.

— Eu vou matar a desgraçada da Charlotte — O peito de Amanda subia e descia de uma forma frenética — Isso não era para ter acontecido.

— Olha, eu sei que você nos separou para nos manter em segurança, mas não dá mais para esconder as origens, não dá mais tempo, eu não tenho mais tempo — Se encostou na pia, olhou para um ponto fixo no chão antes de retornar a falar — Tem muito mais coisa em risco do que seu simples cargo aqui dentro. É a vida da sua neta que está em jogo.

— Neta?

— Chloe, uma linda lobinha que é filha da Isabel, uma criança que precisa ter um futuro — Falou seriamente — E eu preciso da sua ajuda para que isso ocorra.

— Eu vou ajudar, o que tiver ao meu alcance eu vou fazer — Estava aliviada por ouvir aquilo — Mas o que tem em mente?

— Eu andei pensando muito, muito mesmo e cheguei a uma conclusão — Já tinha tomado uma decisão há um bom tempo — Eu preciso de alguém que me treine. Meu prazo é de um mês e meio.

— Prazo, prazo do quê?

— Eu vou pegar o Gregory, antes que ele me pegue — Olhou na direção da mãe — Eu ainda não contei essa decisão para Emma e Isabel, mas creio que elas sabem, no fundo, elas devem saber.

— Enid — Negou — Eu não posso...

— Eu não estou pedindo sua permissão, o que eu estou te pedindo é uma preparação para que isso possa ocorrer — Foi um pouco fria no tom de voz — Eu vou enfrentar o Gregory, eu cansei de fugir. Mas eu preciso de alguém que me ajude, conhece alguém ou não?

— Conheço — Concordou a contragosto — Mas mesmo que você treine, Enid, ele é um ser traiçoeiro.

— Eu não estou com medo — Não podia demorar mais — Eu tenho uma ideia em mente, mas prefiro falar quando estivermos todos juntos.

Don't give up (Wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora