A voz

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Enid

Já dentro da casa, Chloe colocou o dedo indicador sobre os lábios e pediu silêncio. Segurando em sua mão, a menina as levou até o segundo andar.

Passou pelo quarto que dividia com Jensen, a porta ainda estava trancada, assim como todas as outras. Se perguntou naquele momento se os passos que escutara quando estava no escritório eram de Chloe. Não parecia ser da menina, principalmente pela velocidade em que desciam as escadas.

A pequena Alaric a levou para seu quarto, se surpreendeu ao não encontrar nenhum brinquedo ou coisas características de uma menina da idade dela. Era muito semelhante ao de Jensen tanto pela coloração quanto pelos móveis.

— Vem, é melhor acharem que você estava aqui e não lá fora — Subiu na cama e puxou as cobertas.

— Chloe, como sabia que eu estava lá? — Olhou a menina com estranheza, a garota falava como um adulto e aquilo a assustava.

— Eu só sabia — Arqueou a sobrancelha em dúvida — Eu ouço coisas.

— Coisas? — A pequena assentiu — Que tipo de coisas?

— Vozes — Se sentou próxima à garota — Na verdade, é uma apenas.

— Essa voz Chloe, o que ela te falou? — Não negava que aquele assunto estava lhe arrepiando.

— Quando eu acordei, eu a escutei, ela disse que você estava se arriscando e que eu precisava ir atrás de você — Sussurrou como um segredo.

— Você sabe de quem era essa voz? — Chloe olhou para o armário fixamente, seguiu o olhar da menina vendo a porta aberta — Chloe?

— Xiu — Levou o dedo pequeno sobre a boca e correu para a escrivaninha, pegou um lápis e um papel começando a escrever algo.

Antes de ir para cama, fechou a porta do armário e trancou com a chave. Voltou para debaixo das cobertas e entregou a folha, a caligrafia era infantil, mas mesmo assim legível.

Ele está nos observando.

Olhou para a porta e escutou o próprio coração batendo forte no peito. Imitou o ato da menina de segundos atrás, começou ela mesmo a escrever algo.

Quem?

Chloe pegou o lápis e escreveu

Papai

Arregalou os olhos, Chloe novamente pediu silêncio. O que mais queria naquele momento era sair daquela mansão correndo. Será que Gregory sabia que ela havia ido bisbilhotar no alçapão?.

A pergunta era como Chloe sabia daquilo e porque justamente revelara naquele momento, será que tinha câmeras por toda casa?. Decidiu novamente escrever para a garota que esperava paciente as mãos trêmulas pararem.

Como sabe que estamos sendo observadas?

A menina apontou para o próprio ouvido.

A voz te disse?

A pequena Alaric concordou e pegou o lápis.

Ela quer te ajudar!

Chloe pegou em suas mãos, a mão quente da menina fez um choque térmico se apossar do próprio corpo. O pequeno polegar lhe acariciou o dorso. 

Não sabia o que pensar, tudo que estava sentindo era medo de estar ali, não fazia nem vinte e quatro horas e muitas coisas estranhas já estavam acontecendo.

A menina lhe puxou para debaixo das cobertas, as mãozinhas afagaram seu cabelo, uma vontade avassaladora de chorar lhe apossou. Sentiu um beijo sendo depositado em sua bochecha. Estava sendo realmente consolada por uma criança de cinco anos.

Don't give up (Wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora