Eu acho que posso conviver com isso

3.9K 478 784
                                    

Enid

Tudo o que queria era ir logo para casa, tomar um bom banho e ficar longe de hospitais pelo resto da vida se fosse possível.

Isso teria acontecido facilmente se a médica não tivesse colocado todos seus residentes em estado de alerta com um novo possível estudo envolvendo um baço totalmente regenerado. Esse de uma paciente que estava entre a vida e a morte e com um pé diretamente no caixão.

Óbvio que sabia como tudo tinha ficado "normal de uma hora para outra". Mas como explicar para um grupo de médicos que foi uma ancestral morta que salvou sua vida, fazendo tudo o que eles  não conseguiram fazer?

Naquele exato momento estava sentada na cama emburrada igual uma criança, querendo muito ir embora. Estava semelhante a Chloe quando acordava.

O que gerou piadinhas de Ortega em sua direção, mostrou o dedo para a cunhada que começou a rir.

Wednesday mantinha a mão em sua coxa de maneira protetora. A garota não saiu do seu lado em nenhum momento, ela por mais que não falasse abertamente na frente dos outros, ainda  tinha uma leve pontada de medo.

O medo é um sentimento que acompanha todos de maneira sorrateira pelo resto da vida.

John e Amanda estavam ansiosos para ver o que a médica iria falar, já que nem mesmo eles sabiam da verdade completamente. Jenna provavelmente só falou o básico para Emma, que avisou a todos que tinha acordado.

E quando a presença de jaleco entrou no quarto, todos encararam a mulher. Ela fez uma careta assustada e riu nervosa com tamanha intensidade que estava sendo avaliada.

— Posso ir embora?

Wednesday lhe repreendeu com o olhar, revirou os olhos e decidiu ficar quieta.

A médica por sua vez riu e levantou as mãos pedindo um pouco de paciência. Ela ligou um projetor de luz e colocou uma imagem na tela.

Tudo ficou em silêncio, todos encaravam a sessão de cinema fajuta que ia acontecer. John e Amanda encaravam a tela com os olhos milimetricamente cerrados, tentando entender o que era aquela imagem.

Doutora Grey, era esse o nome dela, viu pendurado no crachá. A mulher umedeceu os lábios antes de começar a falar para os curiosos.

— Enid, eu tenho 20 anos de residência nesse hospital, e afirmo algo aqui. Nunca na minha vida eu vi um caso como o seu — Ela fazia algumas caretas enquanto falava — Já tratei de muitos excluídos, inclusive lobos. Mas seu caso é o primeiro que vejo.

Ela apontou para o que estava projetando, uma figura relativamente borrada, mas dava para ver nitidamente que faltava uma parte do borrão.

— Esse é seu baço depois da cirurgia, tivemos que tirar parte dele — Mudou a imagem, o borrão estava inteiro — E esse aqui é seu baço agora, completamente normal. É como se você nunca tivesse passado por nenhuma fratura.

Jenna e Wednesday se encararam, enquanto si mesma fez cara de surpresa, um falso choque. Já sabia que estava bem desde o momento em que Gerogina sumiu e as cicatrizes nos pulsos desapareceram. A mãe já tinha notado que algo ocorreu, nenhuma regeneração normal faria aquilo.

Mas não poderiam abordar o assunto em frente a médica.

— Eu acho que tem alguém do outro lado, que gostava muito de mim — A mulher de meia-idade concordou de imediato com sua fala.

— Eu não tenho dúvidas disso, Enid.

— Então, ela já pode ter alta? — Emma resolveu quebrar o pequeno silêncio que se formou.

Don't give up (Wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora