Guardando memórias

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Enid

Ouviu uma vez uma frase que dizia" O tempo cura todas as feridas" aquilo era uma baita mentira, o tempo é o maior inimigo das feridas, ele as abria e as cutucava com uma faca banhada em veneno.

Ver Emma aos prantos em seus braços era prova daquilo, se sentiu culpada por não ser Jenna a abraçando naquele momento, mas a morena também chorava no canto do sofá.

Então, só sobrará a si mesma, estava sendo forte por elas, mas também sentiu seus olhos ardendo ao escutar o choro sofrido da irmã. Havia reaberto uma ferida mal cicatrizada no coração de Emma.

Tudo o que a menina havia passado, era apenas uma ilusão, um fio invisível que o universo prendeu em sua vida e na vida de Isabel e que as fizeram de marionete. Era doloroso sentir a dor delas, era doloroso, porque querendo ou não, foi ela a causa daquilo.

Uma perda era mais doloroso do que a própria dor em uma carne danificada, era uma dor que não possuía remédio para ser curada, era o tempo que se encarregava daquilo, e ele era péssimo para fazer tal ação.

Aos poucos Emma foi se acalmando, acariciou as costas da garota em conforto quando a mesma se afastou e limpou os olhos inchados. O nariz estava vermelho, assim como os olhos perdidos.

— Eu sei que está sendo difícil processar isso tudo — Falou calmamente — Sei que está um turbilhão.

— Eu quero vê-la, Enid. Quero ver a minha irmã — A voz da garota estava embargada e os olhos se encheram de água novamente — Quero ver a Isa.

— Emma descanse por hoje, foi um dia conturbado para todos nós. Amanhã você vai até o encontro dela.

— Enid está certa, amor — Jenna limpou o rosto da namorada — É só mais um dia.

— Você vai comigo? — Respirou fundo e negou — Por quê?

— Eu preciso resolver umas coisas em Nevermore e é melhor que esteja apenas vocês duas nesse encontro.

— Brigou com a Wednesday, não foi? — Abaixou o olhar — O que aconteceu?

— Ela está bem brava pela minha mentira, eu não a julgo, mas não vou negar que está doendo as coisas que escutei dela — Balançou a cabeça e se levantou — Mas não se preocupe com isso, eu estou bem. Pense em você agora, tome um banho, beba um chá de camomila e durma... Amanhã vai ser um dia longo para você.

— Eu não sei se vou conseguir dormir, não depois dessa notícia — Foi a primeira vez que a irmã sorriu desde do encontro delas.

— Jenna vai se encarregar disso — Piscou para cunhada que riu envergonhada

— Se vocês não se importam, vou me recolher.

{...}

A cama parecia ter pregos, não conseguia fechar os olhos e engrenar em um sonho, a falta de Wednesday parecia preencher todo o lugar e recinto do seu ser e daquele quarto. Naquele momento estava olhando a lua pela janela, estava bonita.

Abraçou um dos travesseiros e continuou observando perdida, não sentia nada, absolutamente nada. Era como se estivesse em um limbo entre felicidade e tristeza, estava em uma linha divisória entre ambos, era uma sensação ruim.

Ruim porque, ao mesmo tempo, em que tinha vontade de chorar, não conseguia, pois estava cansada demais para aquilo. E, ao mesmo tempo que queria chorar, estava querendo sorrir. Frustrada apenas foi até a bay-window e se sentou para olhar as estrelas.

Passou cerca de uma hora ou mais ali, não tinha certeza em relação ao tempo, mas ficar olhando as estrelas a fez pensar em todo caos que rondava sua vida desde o nascimento. Já havia nascido marcada como uma besta mitologica desde que era um embrião.

Don't give up (Wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora