Maçã envenenada

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Essa manhã, a paz e sossego de Jake havia sido tão curta e rápida quanto o tempo que seu ex-namorado aguentou sem gozar na primeira vez em que os dois tiveram relações sexuais juntos. Mas essa história deve ficar para outra ocasião, não sendo nem de longe importante no momento.

Coisas do passado.

Nessa manhã, mal deu tempo da professora terminar a chamada na aula de botânica mágica, e um menino mimado metido a celebridade começou um escândalo. Não era culpa de Jake que quando sentou-se a mesa, aquele esquisito ficou o encarando comer sua maçã tranquilamente. Vendo a situação, imaginou que ele estivesse com fome, e ofereceu uma mordida. Foi um gesto inocente, sem qualquer tipo de má intenção, não pretendia provocar ninguém, foi algo que fez sem querer. Nem lembrava do envolvimento de sua mãe com a fruta quando lançou a oferta generosa.

Mas foi aí que o escândalo começou.

— Ele tentou me envenenar na frente de todos! — Sunghoon exclamava, exaltado diante dos diretores da escola, que assistiam as acusações de maneira surpresa.

— Só te ofereci uma mordida, não viu que eu já estava comendo da maçã? Se ela estivesse envenenada, eu teria sentido os mesmos efeitos.

— E como eu vou saber se você não fez algum feitiço ou sei lá, tomou um antídoto para não sofrer com o veneno? — Argumentou o mais alto, andando de um lado para o outro na sala, ainda com seus ânimos à flor da pele. Sunghoon estava sendo ridículo, era o que Jake pensava.

— Eu nem sabia quem era você — rebateu, virando a cara diante do olhar e das palavras acusatórias.

— Ah… claro que você não sabia quem é seu futuro e inevitável arqui-inimigo. — Sunghoon virou-se para os diretores, surpreendendo a dupla que assistia em silêncio toda cena. — Eu exijo que façam algo. Não posso viver num ambiente escolar onde constantemente sou vítima de ameaças.

— Nem te ameacei, garoto, se enxerga, eu sequer sabia quem você era! — Jake levantou-se de sua cadeira, indignado com as queixas do mais novo.

Os jovens de linhagem nobre se encararam, com o mais novo mantendo seu olhar soberbo, usando de sua altura para ressaltar o senso de superioridade expressado. O sangue do Shim chegava a ferver, mas ele se deteve, não permitindo a si mesmo ceder às provocações e às atitudes idiotas e sem sentido de um garotinho mimado filhinho da mamãe.

Deu graças a Deus que na versão anterior da história por eles compartilhada, sua mãe não era madrasta da de Sunghoon, o que excluía qualquer tipo de chance de parentesco entre os dois. O destino foi piedoso de si ao poupá-lo da realidade de ter um sobrinho tão insuportável.

— Ora, como se eu fosse acreditar que logo você não sabe quem sou. Se não sabe, ainda vai tentar me matar envenenado, querido.

— Os motivos você já está me dando. — Park pulou para trás, sentindo-se atacado com a resposta.

A língua de Jake tinha o atingido que nem um chicote.

— Meninos, calma. Somos todos pessoas civilizadas e podemos resolver isso como tal. — A diretora da antiga Escola dos Vilões se manifestou, tentando acalmar os ânimos dos dois alunos.

— Ele acabou de assumir seu crime!

— Não assumi nada. Tá louco?

Aquilo parecia que não iria acabar nunca. Jake voltou para sua cadeira, revirando os olhos enquanto Sunghoon seguia de pé, sustentando seu olhar acusatório repleto de temor e um drama completamente fora de série. O maior desafio de sua vida certamente não seria envenenar aquele garoto e sobreviver às consequências disso, seria não ter um surto psicótico antes desse momento chegar de tão estressado ficaria tendo Sunghoon como seu colega de classe.

Espelho Espelho Meu - JakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora