A Última Branca de Neve

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Chernabog respirou fundo, sentindo uma última vez o ar entrando e fluindo pela forma física. A magia se acumulava ao seu fedor, rodopiando, liberta da prisão de cristal, pouco a pouco se fundindo, acumulando, como ele tinha prometido a irmã.

Uma brecha, uma falha na criação de Jiyeon.

Ela criara aquele banco de poder para poder enfrentar os guardiões ou inimigos equivalentes, e àquela altura Malévola, Merlin e Morgana já não estariam no poder máximo, não teriam o necessário para levar todos para casa. O deus sabia que poderia resolver aquele problema, e, de toda forma, não lhe restava muito tempo, então, por Miriam e Sangyeon, ele abriria o caminho de volta para casa. Criaria a brecha para os guardiões fazerem o portal.

— Vamos, meus amigos — disse ele para os deuses invisíveis que assistiam aquela epopeia fantasiosa —, vamos dar o primeiro passo para o fim.

O poder se uniu, gerando uma esfera roxa e azul de magia, carregada pela magia do deus do Mal e de tantos outros que Jiyeon prendeu. O poder começou a puxar tudo em sua direção, absorvendo a matéria para forjar a passagem desejada.

Cherna havia dado suas instruções a irmã, mandado que ela tirasse todos que fossem importantes dali, pois logo as coisas ficariam complicadas, o campo de batalha reduzido a um Horizonte de Eventos que atrairia tudo e todos para seu oblívio de magia, carregando a fenda.

Um passo adiante, e mais outro, em direção a luz, acompanhado de todo restante da torre que se desmontava, bloco de pedra atras de bloco de pedra. Para acelerar o crescimento ele precisava oferecer algo poderoso, uma coisa única, ou quase única, naquele mundo, repleta de tanta magia que poderia estabilizar a fenda e permitir sua explosão.

Será que conseguiria criar outra casca antes do tempo de Miriam na terra acabar? Não, não conseguiria, isso levaria séculos, ela não tinha tanto tempo. Mas, talvez, se o filho tivesse puxado o bastante de seu poder, pudesse reencontrar Sangyeon no próximo milênio.

— Que fim patético para o deus do mal — sibilou ele, rindo durante seu caminhar, o rosto pálido iluminado pela luz roxa, os cabelos voando ao vento, a instabilidade da casca a beira do colapso. — Adeus, querida.

Ele deu seu último passo.

(...)

Todos foram ao chão, sem exceção, a destruição que veio com a explosão fez todo o palácio estremecer, a terra rachar e subir, desnivelada, criando corredores tortos e largos, com os topos das novas “paredes” se desintegrando em poeira. O estava escuro, colorido pela magia da explosão, apagando a luz do dia, obscurecido pelo núcleo de poder que absorvia toda luz.

Ao fundo, do foco da energia, uma massa de magia brilhava, roxa e azul, puxando toda matéria em sua direção, desmontando o palácio como se fosse um grande castelo de blocos, todos voando em direção ao núcleo, alimentando-o, fazendo-o crescer. O chão falhava, abrindo rachaduras profundas, o fim tão longe que Sunghoon não conseguiu ver quando cambaleou para trás, ainda no chão, apoiado com os braços.

Jake. Onde estava Jake?

Olhando ao redor, buscando apenas o namorado que estava tão perto, Sunghoon o encontrou jogado bem atrás. Ele o segurou, os braços ao redor do corpo de Jake, chamando seu nome. O Shim gemeu, dolorido. Uma das pernas tinha um corte, não era profundo, mas o impossibilitaria de correr.

Sunghoon puxou o namorado para ficar de pé, frágil demais, mas isso não deteve o Park ao beijá-lo rapidamente. O medo suavizando quando viu seu Jake abrindo os olhos.

— Você está bem? — perguntou o mais novo, o rosto manchado de poeira e com alguns cortes de Jake entre suas mãos.

— Sim — respondeu o namorado, observando-o, um dedo traçando a linha sangrenta que surgiu na testa de Sunghoon durante a queda.

Espelho Espelho Meu - JakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora