Corram!

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A noite fora tranquila, Jiyeon agradecia por isso enquanto tirava a maquiagem do rosto, sentada diante da enorme cômoda com espelho em formato de coração.

O marido estava deitado na cama, lendo algum livro que não era do interesse dela, e Sunghoon estava no quarto com o marido, não importava o que ele fazia, contanto que seguisse no feitiço. Céus, como aquelas últimas semanas foram estressantes, rebeldes malditos, se ela soubesse o País das Maravilhas traria tantos problemas, jamais teria utilizado ele como base de seu feitiço, Sunghoon ter chegado perto de acordar, graças ao maldito projeto de Cinderela, também foi um dos frutos de seu estresse.

Aquela noite ela dormiria bem, ou era o que esperava antes das cinco batidas características na porta.

Palhaço maldito.

— Entre — ela deu a ordem, os guardas então abriram, deixando o Coringa adentrar o quarto.

O sorriso malicioso seguia intacto, mas contendo algo diferente, que a rainha teve receio de descobrir. Ele já havia se apresentado e feito seus relatórios, e a essa hora deveria estar dormindo, torturando, matando, ou seja lá o que esse palhaço fazia quando não estava a seus serviços diretos. Foi cuidadosa ao criá-lo, cobrindo cada falha possível, para que não saísse do controle, mas às vezes ele ainda a pegava desprevenida com suas façanhas, na maioria envolvendo carnificina. Pelo menos nunca deu sinais de estar perto de acordar. Não, assim como fizera com o marido, Jiyeon criou a personalidade do Coringa do zero, não deixando que sua face verdadeira tivesse qualquer voz.

O fedelho estava morto.

— Diga.

Aquele sorriso perverso se ergueu mais ainda. Miserável.

— Trago más notícias, minha rainha — disse o mascarado, a voz divertida demais para lamentar qualquer coisa. Bem, ele não deu qualquer menção disso mesmo.

— Prossiga — ordenou, pegando o frasco de água de rosas, olhando o coringa através do reflexo do espelho.

Seu marido se moveu na cama, ouvindo com mais atenção.

— Quatro estão acordados, entre eles o príncipe Sunghoon e príncipe Juyeon.

O frasco delicado se partiu, o vidro abrindo cortes na pele imaculada. Os olhos da bruxa se arregalaram, e os do coringa cintilavam em divertimento atrás de si.

Sunghoon estava acordado. Acordado. Não aquilo não podia estar acontecendo… Sunghoon já havia chegado perto de acordar, mas nunca o fez de verdade, ela sempre conseguiu detê-lo, sua poção nunca falhava.

A poção.

O Park se remexeu na cama, o olhar confuso de quem não entendia o que estava acontecendo. Claro que não entendia, não tinha como. Ela não se arriscou a colocá-lo no tabuleiro com livre arbítrio, não de novo, aqui ele era uma de suas peças, com menos liberdade que o palhaço ao lado.

— Por que está aqui, e não atrás deles?

— Porque achei que deveria informá-lá antes de tudo. — Porque queria entretenimento, ver o circo pegar fogo, dar a chance de Sunghoon escapar com seus cúmplices, para tornar a perseguição mais interessante do que somente entrar no quarto do príncipe e deixá-lo inconsciente.

A rainha levantou de supetão, espalmando as mãos sobre a mesa, ainda que os cacos pudessem entrar mais na mão. Não, ela não se importava. Estava irada, furiosa.

— Saia daqui e encontre ele, agora!

O coringa sorriu mais ainda, se curvou e falou:

— Como desejar.

Espelho Espelho Meu - JakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora