Vermelho de Vergonha

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A casa de Jake nunca foi tão grande, afinal, sua família tinha perdido toda a fortuna com o passar dos séculos. Obviamente não passavam necessidades, tinham uma boa moradia, não faltava comida na mesa e muito menos precisava usar roupas velhas sempre. A diferença era que agora não podiam mais viver em castelos ou apartamentos luxuosos, mansões tão pouco. Por esse motivo adorava ir à casa de Jay, sempre gostou de se aventurar pelo gigantesco castelo da tia, Malévola.

— Então o que vai fazer? — Park perguntou, olhando o amigo deitado em sua cama, com as pernas apoiadas na cabeceira da cama.

Os dois sempre gostaram de ficar assim, gastando o tempo conversando e assistindo filmes ou séries bobas, a última que tinham assistido foi interpretada pela prima da Bela Adormecida, que atuou como a protagonista de uma série ruim em que um dos filhos gêmeos de uma família de ruivos esquisitos morreu e o corpo apareceu depois de meses.

Era muito ruim, mas eles gostavam de rir da burrice. 

— Eu não sei. É complicado.

— Então você gostou do beijo dele, não foi?

— Gostei… — respondeu, envergonhado de falar.

— Então está apaixonado por Park Sunghoon?

— Não! — Sua voz saiu convicta, pelo menos Jake esperava que tivesse, mas sua expressão seguinte disse o contrário, assim como suas palavras, imersas em dúvidas. — Não sei…

— Não sabe por que está confuso a cerca dos seus sentimentos, ou porque uma parte sua acredita nas palavras do Lee Heeseung? — A pergunta de Jay fez Jake se questionar ainda mais a respeito, contorcendo a boca enquanto pensava. Aquela expressão era fofa, se não fosse triste a situação em que o rapaz se encontrava.

— Não sei…

— Minha Fada, será que o CD arranhou? Você só fala isso.

Shim bufou, pegando o travesseiro ao lado e jogando no amigo, que habilmente desviou usando os próprios poderes. Jay já havia despertado parte da magia da mãe e do pai, sendo capaz de mudar sua forma rapidamente para de animais diversos. Na ocasião transformou-se em corvo e voo para o outro lado do quarto, voltando a forma humana e caindo sentado no sofá que tinha.

— Deixa de ser dramático. Acredita ou não no Heeseung?

— É difícil. Eles são melhores amigos, então é estranho o Lee ter vindo me falar coisas assim. Além de que o Sunghoon não parece ser como estão tentando pintá-lo. Há algo bom nele, consigo sentir.

— Mas também há o lado mimado e arrogante que te maltratou por uma semana no começo das aulas.

Jake assentiu, não podia fugir desse fato.

No começo do ano letivo. Sunghoon havia sido insuportável, com chiliques e discussões sem fundamento, desencadeadas por um mal entendido que ele se recusava a superar. Mas ao mesmo tempo, nas últimas semanas tudo foi tão agradável, conversavam quase todos os dias, tentaram incluir um ao outro em seus grupos de amigos e até jantaram juntos.

Sunghoon parecia cada dia mais difícil de interpretar, principalmente aos olhos de Jake. Era como estar com duas versões diferentes da mesma pessoa, gêmeos feitos unicamente para bem e o mal, mas que só apareciam um de cada vez, assumindo seus respectivos papéis na personalidade de uma única pessoal. Aquilo fazia a cabeça de Jake doer.

Na manhã seguinte seria segunda-feira, logo teriam aulas juntos, sendo inevitável vê-lo depois do beijo que compartilharam na sua despedida da festa na última sexta-feira. Seu estômago ficava estranhando só de pensar, imaginar a cena então era quase impossível.

Espelho Espelho Meu - JakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora