A Execução

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Ela ia matá-los.

A ideia pousou na cabeça de Sunghoon como uma pedra, o impacto demorando para ser processado.

Ela ia matar os quatro guardiões, Morgana, Melin, Malévola e Madrinha, os vilões e heróis mais poderosos do mundo, e isso significava, apesar de tudo o que já foi feito, não só um ato de guerra, mas o anuncio do fim. Sem os guardiões não havia como retornar ao mundo deles, somente um dos quatro poderia manipular o poder as quatro relíquias para desfazer o feitiço.

Mata-los era jogar a chave da prisão no oceano mais profundo que existe, de onde jamais seria possível recuperá-la.

— Se você fizer isso...

— Eu venço — ela completou, mesmo que não fosse as palavras que o filho usaria. — Se eu matar os quatro, não restará ninguém com o poder de me derrotar, não enquanto as relíquias forem minhas e a Chernabog me apoiar. E, considerando como dei fim a irmã dele, não acho que seria um adversário impossível de vencer.

O jardim, e todos os arredores, saíram de foco na visão de Sunghoon, restando apenas a mãe sentada à mesa, serena e diabólica. Junto daquilo vieram as imagens, os cenários que sua mãe formulou, do caos que nasceria depois daquilo, dos assassinatos dos guardiões; uma guerra era inevitável, pois sua mãe precisava cair, mas a devastação e o desespero. Ah, aquilo seria um pandemônio.

Quando as pessoas despertassem, quando soubessem que tiveram seu mundo tirado delas para sempre, presos numa falsificação de País das Maravilhas, com uma rainha insana no trono. Haveria desespero, morte e mais dor do que ele jamais viu.

Sunghoon se odiou pelo que fez depois disso, quando recuou um passo, seu medo transparecendo no rosto pálido, não como costumava ser, mas quase totalmente desprovido de cor, chocado. Em pânico. Sua mãe havia enlouquecido, perdido totalmente a cabeça e estava prestes a se afundar num caminho que arrastaria todo o mundo em direção ao abismo.

— Eu juro que se você fizer...

— Oh querido, por favor, não seja tão infantil.

— Você vai me perder, por completo — disse ele, vendo o olhar de Jiyeon subindo em sua direção. — Você ainda é minha mãe, e nunca deixaria de ser, mas esse é um limite pelo qual não tenho como não desistir da senhora. Da ideia de salvação, deles a deixarem viver, de eu poder vê-la, mesmo quando for derrotada.

— Então não há problema — anunciou a bruxa, sorridente e satisfeita, exibindo o anel brilhante em sua mãe, as quatro joias presas a ele reluziram (Verde, roxo, azul e amarelo) —, porque eu não vou perder. E você, apesar de seja lá qual for o planozinho que vem bolando, não voltará a fugir de casa, meu filho.

Sunghoon empertigou-se, desviando o olhar o mais rápido que pode, sem deixar transparecer para onde olhava.

Jiyeon estalou os dedos, dois guardas vieram de dentro do palácio, ficando em formação na entrada do jardim. Os novos guarda-costas, ele imaginava. É claro.

— Sangyeon os escolheu. Não vão mais deixá-lo sozinho.

(...)

Niki adentrou o quarto com cuidado. Tudo estava escuro, Sunoo se mantinha enrolado nas colchas grossas para o inverno, mesmo que nem estivesse tão frio dentro da mansão.

Tinham voltado havia menos de um dia, e o namorado dele ainda estava dormindo, ou fingindo que dormia, porque Niki sabia que Sunoo mal fechou os olhos durante a noite, a mente agitada. Na primeira vez, ou no que Niki acha que tenha sido a primeira vez, o rapaz tinha ido dormir, levantando-se pouco depois, em questão de minutos, sobressaltada e gritando pedindo ajuda.

Espelho Espelho Meu - JakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora