Livro 02: O Império das Maravilhas

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Era uma vez, num Império das Maravilhas, um príncipe que de muito sobre a verdadeira história de sua família não sabia. Ele cresceu como alguém cruel e perverso, espelhando a frieza da mãe e a perversidade do pai. Ele se apaixonou, e teve seu coração partido quando pisoteou o daquele que amava, então se prendeu a um amor sem amor, em que a pior parte de sua natureza aflorou. Cruel, orgulhoso, um tanto sádico e sem senso de ética e com seu status de herói muito questionáveis, ele viveu… 

Viveu até viver um novo amor verdadeiro.

Sunghoon não sabia explicar porque sonhava com um garoto sorridente, de cabelos castanhos quase sempre despenteados e que quando sorria mostrava as presas dos dentes. Não reconhecia o rapaz, mas algo nele lhe trazia uma sensação de grande conforto e calor no peito. Os sonhos não eram tão vívidos no começo, mas quanto mais Sunghoon se permitia tê-los e desfrutá-los, mais reais se tornavam, como lembranças de uma vida passada.

Acordar daqueles sonhos sempre era uma atividade angustiante, como se estivesse sendo arrastado para uma farsa, menos verdadeira do que o baile onde ele dança com o garoto de cachos castanhos e terninho de segunda categoria. Mas Sunghoon não estava acordando para uma mera farsa, mas o mundo onde vivia.

Fazia quase três anos desde o primeiro sonho.

— Muito bom dia, Altezas! — Exclamou uma empregada abrindo as cortinas das enormes janelas do quarto do príncipe herdeiro e seu marido.

Diferente do marido, Juyeon dormia como uma pedra, o rosto enterrado no travesseiro de plumas de fênix apagada. A noite passada foi agitada, então não foi surpresa alguma para o Park vê-lo tão exausto, seu esposo merecia um descanso digno. Partindo em companhia da empregada para o vestuário, onde mais dois servos esperavam, Sunghoon deu a ordem para permitirem o repouso de seu marido, pelo menos por mais uma hora.

O café da manhã na companhia de seus pais nunca foi um incômodo, não para Sunghoon. Atravessar as portas do jardim de inverno, onde o casal monarca desfrutava a primeira refeição do dia, sempre foi algo gratificante para ele. Seu pai estava tomando uma xícara de chá, enquanto a mãe folheava documentos, atenta ao trabalho, como sempre — A coroa com diamantes vermelhos em forma de coração em sua cabeça servia sempre de lembrete da alta posição que ocupava no Império.

— Bom dia, mamãe — disse, acompanhado de uma reverência leve, então dirigiu-se ao pai. — Papai.

— Bom dia, querido. — O pai do Park sorriu caloroso, observando o filho sentar-se na cadeira vaga da direita ao seu lado. — Onde está Juyeon?

— Dormindo, está exausto de ontem.

— Ah sim, eu entendo. Sua mãe também ficava exausta assim nas manhãs depois de horas tentando conceber você.

— Amor! — Jiyeon o censurou, o tom brincalhão na voz. — Não é coisa que falamos para o nosso filho, isso fica no quarto.

— Ele já é grandinho e está no mesmo caminho. Daqui a alguns meses teremos netinhos escamosos correndo pelo palácio.

Sunghoon não conseguiu evitar de corar, as bochechas vermelhas de vergonha.

Seus pais às vezes levavam a sério demais essa ideia de que ele tinha amadurecido, e deixavam o pudor um pouco de lado em certas ocasiões. Juyeon achava divertido de assistir, considerando que sua família no oceano é bem menos provida de bom humor.

Ao fim do café da manhã, após mais alguns momentos de vergonha, capazes de fazerem o rosto de Sunghoon ferver de constrangimento, seus pais saíram para cumprir os deveres do dia. Eles causavam bastante esses momentos, em especial quando estão empolgados com algo, mas Sunghoon sabia que não era por maldade, só sentiam orgulho do único filho e queriam seus netos.

Espelho Espelho Meu - JakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora