Um vilão

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Quando o relógio bateu meia noite, foi como se todo o encanto de Jake desaparecesse. Tinha perdido a noção do tempo, ficando sempre colado a Sunghoon o tempo todo. Eles dançaram juntos, beberam juntos, ficaram horas conversando, fazendo brincadeiras bobas e passeando pelo local, mas para sua infelicidade, em nenhum momento tiveram a chance de dar o próximo passo, sempre acabando por serem interrompidos.

Jungwon e Jay se impuseram juntos, dizendo que já estava tarde e precisavam levar Niki para casa. Jake tentou desconversar e dizer que iria mais tarde, Sunghoon se ofereceu para dar carona, mas foi nesse momento que Jay e Jungwon tiveram certeza de que não permitiriam Jake ficar ali. Shim puxou os amigos para longe de Sunghoon por algum tempo, e choramingou, pedindo que dessem uma chance, ou pelo menos pegassem leve, mas nenhum dos dois cedeu. Nunca iriam deixar Jake nas mãos de Park Sunghoon a essa hora da noite, longe de onde morava.

A passos marcados pela tristeza, o pequeno príncipe vilanesco voltou até onde o Park ficou, para contar-lhe as más notícias. O olhar terno e brilhante dele só deixou tudo mais difícil para o lado de Jake, como iria dizer a Sunghoon que iria para casa por estar tarde? Ia parecer uma criancinha boba e idiota com horário de estar na cama definido pela mamãe. Se sentia humilhado com essa situação ridícula.

— E então? — Park o perguntou, esperançoso. Sunghoon se manteve no aguardo de Jake, de pé no canto de uma das dezenas de salas de estar daquele castelo gigantesco.

— Bem… — Suas palavras pareciam ter ficado empacadas na garganta. Com um olhar rápido para trás, buscou alguma fagulha de misericórdia em Jay e Jungwon, mas o olhar sério dos dois só não superava a cara de sono de Niki, que tinha tomado quase dois litros de suco de maracujá pensando que ser alguma bebida alcoólica que o faria parecer descolado. Praticamente um zumbi de sono. — Eu preciso voltar com os meninos, Niki está cansado e não podemos deixá-lo sozinho.

— Mas eles não podem deixar você ficar? Te dou carona, juro, Jakey. — Shim sorriu tristonho, tentando encontrar uma maneira de falar sobre as desconfianças de seus amigos, sem ofender Sunghoon.

— É que a gente precisa voltar todos juntos. Meus amigos sempre foram muito protetores, só estão preocupados, não é nada demais.

— Não confiam em mim, né?

— Não é nada disso! — Tentou mentir, mas sim era exatamente aquilo que Sunghoon disse.

Shim levou suas mãos até as do mais alto, segurando nas mãos de Sunghoon antes de encará-lo de maneira sorridente. O sorriso de Jake era amável, doce e gentil, se alguém tentasse adivinhar sua família ao conhecer "esse Jake", jamais imaginariam ser um filho de vilão. Quando mais novo, Jungwon e Jay brincavam que Jake tinha sido trocado na maternidade por sua mãe, sendo o maior ato de vilania dela, e logo ele seria o filho perdido da Branca de Neve ou alguma heroína do tipo, mas o único filho da grande Branca de Neve era um mês mais novo que si e nasceu num hospital protegido pelas fadas mais poderosas do reino, nunca vilão algum poderia tocá-lo na infância.

Sem contar que Jake detestava aquelas brincadeiras, e seus amigos pararam com elas após vê-lo chorando após ser constantemente relembrado de sua mãe. Jake nunca gostou de lembrar da Rainha Má, mesmo que isso fosse algo tão recorrente e presente em sua vida que precisou aprender a suprimir a dor.

— Pensei que eles estivessem gostando de mim — disse o Park, cabisbaixo. O jeito de Sunghoon era de partir o coração do Shim.

"Quando me tornei tão mole por carinhas tristes dele?" Jake se perguntou em pensamentos, chocado com a maneira que tudo havia mudado. Sua versão do primeiro dia de aula nunca imaginaria que teria vindo a uma festa com Sunghoon, dançado, comido doces, bebido (Refrigerante e um pouquinho, só um pouquinho de cerveja) e ficou tão bobo porque Park Sunghoon queria passar mais tempo consigo.

Espelho Espelho Meu - JakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora