Os últimos generais

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Os ventos cortavam o lugar, o bater de asas de Malévola feita terra estremecer e todos recuarem. Ela olhou de relance para o marido, as costas sem o próprio par de asas, e depois encarou Jiyeon, o rosto se curvando em ameaça.

A bruxa não perdeu tempo, passando pelos colegas do filho e usando sua magia para afastar Seorin e Jiwoong, adentrando o palácio corredores a fundo. Ela se desfez dos sapatos de salto, incômodos para correr, rasgou parte da saia do vestido e ajustou sua mobilidade. Olhando para trás ela não viu ninguém, o que era um péssimo sinal.

Quase não conseguiu se defender quando as janelas à esquerda explodiram, a magia lançando seu corpo na direção contrária, a luz verde e preta se chocando contra o escudo improvisado.

— Você melhorou — ditou Malévola, pousando no buraco aberto na parede, as asas negras livres e intimidadoras.

— Mais do que imagina — respondeu, se abaixando, a mão tocando o chão e fazendo com que desmoronasse.

A Fada Negra levantou voo, se protegendo dos escombros, enquanto a rainha saltou no buraco, rumo ao andar inferior. Jiyeon precisava de um segundo, uma pausa para conseguir pegar sua varinha, tinha preparado o modo ideal de invocar o objeto, mesmo a distância. Ela o teria trazido, mas não esperava que sua traição de seu filho fosse tão bem arquitetada. Sabia que Sunghoon faria, que os amigos dele simplesmente não o deixariam ali, mas ela não fazia ideia que Sangyeon e os demais teriam mudado de lado.

Infernos, tinha se garantido demais nas ameaças a Miriam, e a ausência de Chernabog devia tê-lo incentivado a traí-la.

Em seus planos, contava que teria mais algum tempo, mas não, era tarde demais agora, os guardiões estavam livres e ela perdeu as relíquias, e para piorar aquela merda de ferimento na mão não parava de doer. Nem a adrenalina do momento foi capaz de fazê-la ignorar a mão decepada, precisando pressionar o pulso para reduzir um pouco o sangramento.

Pelo menos o sangue teria sua utilidade.

Uma vez com Malévola distraindo pela cortina de poeira e escombros, Jiyeon banhou a mão em sangue, desenhando no chão o feitiço que precisava.

— Chega de se esconder — proferiu a fada, descendo o buraco num salto, as asas se abriram de novo, batendo furiosas para afastar a poeira. — Achei você.

— Faryu! — declamou a bruxa, lançando uma rajada de poder contra a fada, tão grande quanto o ataque anterior dela.

Malévola arregalou os olhos, se protegendo com as asas banhadas em magia, o ataque fora poderoso o bastante para fazê-la recuar, cambaleando para trás em choque.

Manejando a varinha recém-invocada, Jiyeon repetiu o feitiço, agora convertendo os disparos em lâminas de energia que voaram em direção ao alvo. Sempre que Malévola desviava, as lâminas partiam o concreto e a madeira no ambiente, deixando cortes perfeitos nas superfícies.

— Dessa vez não preciso de artimanhas e das suas relíquias para ficar a sua altura.

— Você fala como se estivesse no meu nível — zombou a Park, concentrando poder no cajado e atacando.

— Não — sibilou Jiyeon, imitando o gesto, lançando uma massa de energia equivalente da varinha. — Eu estou acima.

O poder explodiu, lançando ambas em direções opostas.

Cambaleando, Jiyeon invocou um novo feitiço, não de ataque, dessa vez era um suporte próprio, fechando a ferida aberta por Ningning. Melhor um punho deformado do que um ferimento em carne viva derramando sangue. Ela aproveitou o momento a mais, disparando pelo corredor até a sala do trono, num ambiente aberto poderia se proteger melhor, ainda que isso desce mais área para Malévola voar. A troca valeria a pena, ela esperava.

Espelho Espelho Meu - JakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora