É hora de morrer, Sunghoon.

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As penas negras farfalhavam ao serem abertas, o movimento suave do vai e vem, e Sunoo podia jurar que a temperatura despencou no cômodo da… caverna? Cabana? Seja lá onde estava.

Sua mãe agitou o leque de longas penas cor de ônix, lustrosas e… brilhantes? As penas brilhavam, pulsavam, emanando um poder medonho que fez o corpo do Kim hesitar onde estava, andando de costas, sem parar de encarar, em direção a parede.

— Você gostou, meu lindo? Foi presente da sua sogrinha — afirmou Cinderela, deslizando os indicador direito nas extremidades do leque.

Ao lado, Coringa pirrageou, e os dois membros da família Kim o encararam. A semelhança era assustadora, porque era exata, o rosto de Sunghoon, desenhado com perfeição, mas incorporando aqueles traços cruéis que Sunoo não via a anos. O maldito olhou de relance e sua direção, deixando a ponta direita dos lábios se levantar, devagar.

— Não vamos perder tempo… Sogrinha — disse ele, parecendo desgostoso ao chamar a mãe de Sunoo.

— O que estão pensando em fazer?

Eles o encararam, certo divertimento brilhando nos olhos de nanquim do falso Sunghoon. Os cabelos prateados balançaram quando ele foi até Sunoo. O mais novo recuou, o gesto imediato, mas não conseguiu evitar de ter o braço agarrado e o corpo puxado. De novo, lá estava ele nas garras daquela cópia perversa de seu amigo, o rosto perfeito a poucos centímetros do seu.

Seu primeiro reflexo, ainda que muito bem contido, foi cuspir na cara de Coringa, mas teve força suficiente para se segurar. Era um refém, logo, pela lógica, iriam atrair seus amigos para aquele lugar ou alguma armadilha, então irritar Coringa, e arriscar que ele o machucasse de algum modo não seria boa ideia. Se tivesse a chance de ajudar os amigos, precisava estar inteiro para isso, não todo dolorido de uma surra que aquele doppelganger decidisse lhe dar por ser atrevido.

Juntando toda coragem correndo no seu corpo pequeno, o moreno levantou o queixo, olhando o desgraçado nos olhos. O desafio, silencioso e contido, pareceu satisfazer diverti-lo, foi o que aquela inclinação sutil de lábios dizia.

— Vamos dar vida a alguns pesadelos, Nono. — As mãos frias deslizaram por seu corpo, e Sunoo engoliu a onda de repulsa e pavor, de desespero. Algo frio tocou seus pulsos, e quando ele olhou, viu as novas algemas, cristalinas e gélidas. — E você vem comigo. — Ele sussurrou as últimas palavras ao pé do ouvido de Sunoo, enquanto massageava a bochecha macia com o polegar, antes de agarrar seu queixo e levantá-lo. — Diferente da minha outra metade, eu sempre preferi você.

— Outra… metade?

— É. Bem, o Sunghoon acreditou, eu acho, naquela história de irmãos, mas esses são os fatos: Somos a mesma pessoa, meu anjo, as duas metades.

— Você é o mal que ele lutou para superar, a parte dele forjada pelos doentes dos pais filhos da puta dele.

— Bingo! Então, se nada mais nos impedir — respondeu, olhando de relance para Cinderela, que apertava o leque com os nós dos dedos brancos, assistindo a cena. — Podemos começar, sogrinha?

Diferente da primeira vez, nessa Sunoo viu sua mãe engolir o seco, e talvez a sensação de repulsa que escapou, bem de pouquinho.

— Estamos prontos — falou a figura na porta, um homem alto, de cabelos pretos e roupas de couro feitas para o frio. O Caçador, Sunoo lembrava dele, do tempo que estavam no palácio.

Sua mãe assentiu, fechando e abrindo de novo o leque ônix.

— Venham a mim, meus cavaleiros dos pesadelos — declamou ela, agitando o leque e lançando uma onda de vento pelo local, feito de pura escuridão.

Espelho Espelho Meu - JakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora