A Verdadeira Branca de Neve

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Espelho Espelho Meu

Park Jiyeon, Snow Jiyeon, Branca de Neve. Ao longo da vida ela já foi chamada por muitos nomes. Gostava daquele que sua mãe escolheu, apesar de poucos fazerem uso dele, mesmo antes da morte dela, quando a princesa ainda tinha sete anos. Seu pai mesmo, nunca a chamou de Jiyeon, Branca de Neve era como deveria ser conhecida, a mais bela de todas, herdeira da linhagem mais antiga e nobre de todo reino dos Contos de Fadas. A única história de princesa tão antiga quanto a dela era Cinderela, mas isso nunca foi problema. Segundo seu pai, ela era pura e boa, não deveria estar diante da dor, por isso ele a impediu de ver a mãe no leito de morte, quando a febre e as feridas de uma doença rara a levaram embora.

Foi a primeira vez em que Jiyeon odiou aquele mundo, e quem ela era.

Branca de Neve deveria reinar sobre os Contos de Fadas, foi o que seu pai sempre lhe disse, eles do sangue dos antigos estavam acima de todos os outros, por isso tinham tanto poder. Ninguém poderia se opor a autoridade Snow, e mesmo que o fizesse, não duraria muito tempo. No passado houve uma rixa com a família da Gata Borralheira, que resultou no quase desaparecimento da história da Cinderela.

Jiyeon nasceu para ter uma coroa em sua cabeça, e assim seria feito um dia.

Quando era criança, seu pai, Atticus, fez o acordo de casamento da filha com um príncipe de um reino distante, de sobrenome Park. Ele vinha do leste, da mesma terra da mãe de Jiyeon, Soojin, tinha muitos irmãos à sua frente na linha de sucessão, mas sua nobreza era do mesmo patamar que Bela Adormecida, e seria um aliado dos grandes. O príncipe era velho demais para a pequena princesa, então só se conheceram quando ela completou dezesseis anos. Um baile foi feito na ocasião, apenas para os familiares de ambas as famílias. Jiyeon lembrava bem daquela noite, pois quando era madrugada, o príncipe adentrou seu quarto e a acordou.

Foi a segunda vez em que Jiyeon odiou aquele mundo e quem ela era.

No ano seguinte, no aniversário de vinte e oito anos do príncipe, o mesmo se repetiu. Segundo o príncipe, esse seria seu presente de aniversário. Jiyeon tentou convencê-lo a pedir outra coisa, mas foi inútil.

Nove meses depois, Sunghoon nasceu. 

Quando Atticus descobriu a gravidez, seus gritos tomaram a casa de campo onde moravam, ele jogou vários vasos e estátuas de porcelana pelos ares. Foi um horror de assistir para os empregados, e uma tortura para a garota de quase dezoito anos, encolhida no canto da parede, a bochecha cortada por um caco de vaso quebrado que tinha voado e algumas manchas roxas no abdômen, feitas quando foi jogada num empurrão forte contra o armário velho.

Foi a terceira vez e que Jiyeon odiou aquele mundo e quem ela era.

Depois daquilo, nove meses foram passados no exterior, num dos países vizinhos ao reino em que seu noivo era príncipe, mas nunca seria rei.

Uma das poucas felicidades permitidas a Jiyeon eram os concursos, nisso ela era muito boa. Podia aproveitar seu carisma e gentileza, tocar as músicas prediletas que aprendeu com a mãe, até podia usar o violino velho dela para isso. Gostava de trajar vestidos extravagantes e pomposos, era divertido e gratificante ver os sorrisos dos outros. Quando vencia, seu pai ficava muito feliz, e isso significava algumas semanas de bom convívio em casa. Sua mãe a acompanhou no primeiro concurso, quando tinha seis anos, sendo também sua primeira vitória. Com o tempo, aquele hobby virou algo que seu pai usou a seu favor, transformando Jiyeon num rosto para sua nova marca de cosméticos, o novo investimento da família. Sempre que ela vencia, os lucros iam às alturas.

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