Espelho Espelho Meu - Jakehoon

Belo e Ferico

As gotas d'água caíam uma a uma da torneira, o som estava longe se fazer audível no quarto, abafado pela música alta que saia das caixas de som, mas ainda assim a atenção de Heeseung estava voltada aquelas minúsculas porções de água caindo pelo ralo da pia do banheiro. Ao seu lado, Eric cantava, a voz alta e melodiosa, acompanhando perfeitamente as letras do karaokê que o jovem príncipe tinha no quarto. Junto dos dois, Ningning, amiga do garoto tritão, folheava seu caderno de atividades.

— Vem cantar comigo, Hee — o mais baixo propôs, aproximando-se do Lee deitado em sua cama e se jogando sobre o corpo dele.

Os dois ficavam a alguns meses, ainda que Eric fosse mais novo, ele era bonito e agradável, além de que os tritãos tinham fama de safados, e Heeseung sempre quis provar. Como Sunghoon tinha uma velha paixonite com Juyeon, do tempo do fundamental, sobrou para Heeseung o irmão mais novo. Não que isso tivesse sido ruim, os dois se davam bem, ambos sabiam que do desinteresse recíproco em romance, aquilo era carnal.

— Não estou afim. — A resposta de Heeseung foi básica, marcada por mais uma golada no vinho que tinha consigo, a garrafa bem presa entre os dedos, deixada fora do alcance da cama cara do mais novo.

— Deixe de ser chato, você quem pediu para vir aqui durante minha festa do pijama com a Ning, agora fica aí bebendo vinho da minha mãe, mantendo essa cara emburrada. Pelo menos fala um pouco.

— Não tenho nada sobre o que falar.

— Chato — disse o loiro, revirando os olhos.

— Ele está brigado com o Sunghoon, hoje foi o evento de caridade que você não foi, e deixou o Juyeon ir com seus pais. Eles devem ter se visto lá, e o clima ficou desagradável — Ningning discursou, deixando Heeseung boquiaberto com o raciocínio da garota.

Ningninng tinha razão quase total em seu raciocínio, mas faltava a questão das imagens mostradas pela Fada Madrinha, sua aparição na história de Sunoo, ou pelo menos a aparição de quem parecia ser ele… Aquilo, junto de tudo o que tinha acontecendo, dava uma grande dor de cabeça para Heeseung, era quase um pesadelo vivo.

O olhar de Eric escorregou de volta a Heeseung com destreza, seu corpo se esgueirando pela cama, até sentar sobre o colo do mais velho, agarrando os pulsos dele, lhe tomando a garrafa de vinho no processo. Aquela posição deixava Heeseung imobilizado, sendo levemente constrangedora, considerando a presença feminina no recinto.

— Então você está brigado com seu amiguinho?

Não houve respostas, verbal ou física. Heeseung apenas manteve o olhar fechado, nenhuma palavra escapava de seus lábios, sustentando uma sólida expressão de seriedade. O mais alto logo viu que seria difícil manter aquela pose, o deslizar do indicador direto pelo pescoço de Heeseung o causou cócegas. Aquele era um de seus pontos fracos no corpo, e Eric conhecia todos os pontos sensíveis do Lee pelas horas passadas juntos.

— Não seja mal, fofão. Isso até cai bem em você, te deixa mais gostoso, mas nessa situação só parece um crianção.

— Não sou crianção.

— Então, vamos conversar sobre Sunghoon? — Outra careta. Eric suspirou, revirando os olhos. Afinal de contas, quem era o mais novo ali entre eles dois? O papel de twink mimado era seu. — O que ele fez?

— Foi um escroto.

— Novidade — disse o loiro, liberando os braços de Heeseung e levando a garrafa de vinho aos lábios, saboreando a bebida cara. — Sunghoon é um escroto, toda pessoa sensata da escola nota isso.

— Todas as pessoas sensatas da escola estão nesse quarto agora, Eric — Ningning falou, fazendo o amigo rir soprando enquanto dava de ombros, o corpo ainda sentado sobre o colo de Heeseung e as mãos no abdômen dele.