Felizes para sempre

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O sol ainda brilhava forte naquele fim de tarde, as pessoas caminhavam pelo shopping como se há quase três anos uma bruxa não tivesse sequestrado todo o planeta para um reino de suas fantasias, onde ela governava com tirania e combatia movimentos rebeldes, sem liberdade, os seres mágicos feitos prisioneiros para abastecerem seus poderes e sete generais cruéis governassem às sete partes do continente.

Era estranho retornar a paz daquele mundo, ainda mais sem pai nem mãe, ambos perdidos naquele mundo. E esse sentimento não era exclusivo de Jiwoong, outros o compartilhavam.

Seu pai estava enterrado sob toneladas de escombros derretidos de um palácio que não existe, sua mãe, a fada traidora que matou seus pais biológicos, fora uma das prisioneiras que Jiyeon extraiu a magia; ela não sobreviveu ao processo. No fim, quando retornaram, o Kim estava sozinho em sua terra natal.

A Fada Madrinha ofereceu o perdão a todos que se voltaram contra Jiyeon, enquanto os aliados ainda vivos da bruxa foram mandados à uma prisão no Mundo Inferior, onde o velho deus do Mal repousava junto de seus súditos.

Antes um shopping tranquilo do que um inferno.

Quando voltou à sua mesa, trazendo a bandeja de taças de sorvete bem recheadas, o Kim tomou o canto entre Matthew e Seorin. A dupla fofocava algo sobre a faculdade, mas ele não entendeu a conversa pela metade.

- E foi aí que eu passei pelo corredor e ouvi um "Uhmm, uhmmm" vindo do banheiro masculino - contou a bruxa do mar, a voz viperina.

Agora ele entendia o assunto.

- Mas eu resisti à vontade de ir contar aos monitores e professores. Fada Madrinha me deu um broche de bom comportamento por isso. E como ela disse que "O que vem para a terapia fica na terapia" eu imagino que ninguém vai se prejudicar, ainda que eu lute contra o desejo de algo acontecer com o casal safado.

- Parabéns, Seorin! - disse o loiro, batendo palmas.

Ah, aquilo.

Depois da volta ao mundo deles, e que todos souberam dos vilões e heróis trabalhando juntos contra o mal maior, a Fada Madrinha instaurou um novo sistema na escola e em todo país. Era algo simples: chega de heróis e vilões. Daquele dia em diante as histórias não iriam impor nada às pessoas, cada um deveria seguir seu caminho, se ele os levasse ao bem ou ao mal, aí o era problema seu. Seorin escolheu tentar o Recondicionamento para o bem, outro projeto da Fada Madrinha.

Jiwoong sabia que sua amiga não queria acabar morta que nem a mãe, então antes o bem do que virar poeira no meio do mar. A história da Pequena Sereia teria que abrir vaga para o cargo de vilã.

- Aqui estão os seus, chocolate e creme para Seorin, baunilha para mim e morango com leite condensado e frutas vermelhas para você, meu amor - disse o moreno, entregando cuidadosamente a taça do namorado.

Sorrindo de orelha a orelha, Matthew agradeceu. Seorin logo depois.

- Mas enquanto a você, Matt? - perguntou a bruxa, pegando uma colherada cheia do sorvete. - Jiwoong abandonou a Terra do Nunca e a herança de ambos os pais, eu não vou ser mais vilã, Sangyeon virou dono de casa do Juyeon, mas e você?

- A minha história já foi encerrada, só estou vivendo o Pós-História agora. E, sinceramente, não vejo nada demais em Cachinhos Dourados mudar

- Espera - interrompeu Jiwoong, encarando o namorado -, como assim sua história aconteceu?

O loiro os encarou, a confusão contra as expressões de choque do namorado e da amiga. Quando ele tinha lidado com três ursos malvados, aprendido alguma lição e virado amigo dos ursos de quem comeu três tigelas de mingau e dormiu nas camas?

Espelho Espelho Meu - JakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora