Espelho Espelho Meu - Jakehoon

Rapunzel é infiel

Eles estavam completamente fodidos.

As coisas haviam dado errado rápido demais, e Jay não sabia como lidar com a situação. Ningning havia partido para um lugar privado, iria usar o cristal de comunicação que recebeu para contatar Somin. Precisavam de novas instruções.

Porra, Úrsula estava ali.

Enfrentá-la estava totalmente fora de cogitação. Apenas um louco a desafiaria nessas condições; a proximidade com o mar e o maldito tridente de Netuno em posse dela a tornavam quase invencível, o rapaz bem sabia, nem Somin e seu pai, mesmo juntos, poderiam fazer muito contra ela nessas condições. Talvez nem sua mãe fosse capaz de enfrentá-la de igual por muito tempo.

— Que merda. O que vamos fazer?

— Tem um exército inteiro aqui! — Sunoo pestanejou.

Estavam seguros, por enquanto. Pegaram um quarto na pousada mais mediana da cidade litorânea, fazendo o possível para não atrair atenção indesejável. Uma vez isolado por magia, cortesia de Jay, ninguém do lado de fora podia escutá-los.

— Temos uma missão — Ningning os assegurou, saindo do banheiro onde falava com sua superior, o cristal transparente ainda na mão. — Encontrar a linhagem de Rapunzel. Ainda podemos fazer isso sem chamar atenção e evitando as tropas.

— Úrsula está aqui, Ning, não temos chance contra ela. — O pessimismo vindo de Jungwon era chocante, considerando o semblante descontraído e atrevido que o rapaz costumava sustentar. — Até eu sei disso.

— Úrsula não sairá de seu navio, ela é uma general, foi mandada para intimidar e liderar. Devemos tomar cuidado com as tropas imperiais e possíveis outros subordinados dela. — Ning virou-se para Eric, que observava a janela em direção ao mar desde que chegaram. — É bem possível que a filha dela, Seorin, estava cuidando da operação em terra. Duvido que ela trabalhe sozinha.

O loiro não respondeu, o semblante pensativo seguia de pé enquanto avaliava o restante da sala. Ele havia participado da luta contra Seorin, até mais que os demais presentes, com exceção a Heeseung.

— Fujam de qualquer mulher que lembre a descrição de Seorin, não podemos derrotá-la aqui. Quando encontramos os Rapunzel, partimos na hora.

Todos assentiram, então Ningning deu a ordem, guardando o cristal na mochila sobre a cama:

— Agora vão.

(...)

Se dividiram em equipes, cada uma tendo pelo menos alguém que soubesse o rosto da filha da Bruxa do Mar. Heeseung havia ficado com Sunoo e Eric, ideia de Ningning, considerando que o Kim não possuía poderes e as habilidades físicas de Hee, apesar de aprimoradas pela maldição, não eram muito boas, ter um tritão, e potencial membro mais forte do grupo enquanto estivessem tão perto do mar, era bom para os dois mais fracos.

Eric não havia falado quase nada, além das instruções de busca é claro. Ele seguia silencioso, analítico, os olhos sempre voltados para o horizonte, agora escurecido, do mar.

Sunoo, por outro lado estava agitado, os olhos corriam pelas pessoas que passavam na rua, sempre tão esperançosos quando encontrava alguém alto de capuz ou com cabelos loiros. Kim havia conhecido toda a família Nishimura, a exceção do bebê de Rapunzel que nascera já naquele mundo, era quem tinha maior facilidade para reconhecê-los, considerando que Jay é Jungwon seguiam sem memórias.

Heeseung se sentia estranho ali, ficar ao lado de Sunoo por tanto tempo o deixava exausto mentalmente. Não que o mais novo fosse difícil de lidar, não era isso, só que ele não… Certo, a sensação era muito difícil de descrever. Se sentia mal por Sunoo estar tão ansioso para ver Niki, sentia ciúmes, queria que fosse ele, mas também se sentia mal por sentir tudo isso. Devia ser um grande babaca se sua maior dor de cabeça do momento era o cara que gosta estar atrás de um namorado, namorado este que jamais seria ele…