A gaiola dourada

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A esmagadora grandeza dos deuses diante de Sunghoon era algo de tirar o fôlego, para o rapaz o poder de uma magnitude nunca antes vista só encontrava equivalência na desgraça lançada sobre esse mundo pelas mãos de sua própria mãe.

Não foi difícil para ele compreender a realidade ao seu redor, não depois que Olivia o libertou do feitiço e tornou todas as suas memórias novamente nítidas. A verdade sobre sua pessoa, sua vida e a de todos ali, do mundo tirado deles pelo egoísmo de sua mãe, do que foi imposto nas novas vidas. Sunghoon não precisava de grandes explicações, não quando Olivia o contou o que era aquele feitiço, pondo em sua mente a memória de Juyeon sobre a explicação de Preguiça, contando a respeito do maldito feitiço.

Ele até queria dizer que estava chocado com o que sua mãe foi capaz, mas a voz iria traí-lo, denunciando a falta de surpresa com a capacidade da mãe em ter ido tão longe.

— Como podemos acabar com isso? — perguntou o platinado, o ar entrando rápido demais durante a respiração acelerada. Sunghoon se sentia nervoso, imaginando a extensão de todo esse novo mundo, do estrago causado pela ganância e o desejo por poder da mãe.

Salvá-lo? Não, aquilo não havia sido feito para salvá-lo, se fosse, sua mãe não iria ter tomado tanto cuidado em esconder todas as memórias e colocar Juyeon ao seu lado, tendo mandado Jake e Heeseung para algum lugar. Ela não teria feito todo esse mundo desse jeito, repleto de injustiça, dor, fome e desigualdade entre os nobres.

— Primeiro deve encontrar o caminho de sua história — respondeu Olivia, a voz poderosa inundando o ambiente, fazendo-o tremer. — Precisará de aliados.

— Meus amigos… bem, não tenho muitos, mas preciso salvá-los, acordá-los.

— O Livro pode acordar a todos que tenham suas histórias nele registradas. — Herlien se pronunciou, o tom seco e direto, sua aura mágica parecia deixar tudo mais quente. — O mais básico contato físico bastará para romper as ilusões desse mundo.

— Não pode libertar a todos? — Juyeon aproximou-se, ficando ao lado do marido, que agora lembrava que era seu amigo e ex-namorado. O breve olhar de constrangimento trocado pelos rapazes foi ignorado pelos deuses, que não se importavam com o histórico romântico deles.

Pela expressão do Aspecto da Aventura, a pergunta lhe pareceu tola, digna de uma advertência cruel, mas Olivia tomou a frente antes que o colega desse alguma repreenda ao príncipe de cabelos ruivos.

— Nós não devemos intervir, não em situações normais. Mas o que sua mãe fez, o que ela lançou sobre este mundo… O caos irrefreável se demonstrou digno de intervenção, mesmo que possamos fazer apenas o mínimo ao eleger nosso campeão e dar o mais básico auxílio. Narradores devem contar histórias, não escrevê-las. — Os orbes de profunda serenidade pousaram sobre Sunghoon novamente, fazendo o rapaz sentir-se acolhido e seguro. — Isso é tudo o que podemos dar a vocês, junto da liberdade da consciência e dos seus próprios poderes. — Algo veio das mãos da deusa, flutuando envolto em magia, um colar prateado sem jóias exageradas, o pingente parecendo uma moeda comum. Junto do colar, um pequeno cristal veio. — O colar irá guiá-los em direção ao destino, enquanto o cristal, quando quebrado, abrirá um portal que vai tirá-los do palácio e levá-los para o começo do percurso que devem seguir. O colar mostrará onde encontrar seus amigos e o esconderá dos feitiços de sua mãe, assim como todos junto de você, Sunghoon.

— Obrigado — falou o príncipe, engolindo o seco enquanto segurava os objetos contra o peito.

— Este mundo está caótico, mais do que deveria, mesmo diante do feitiço que o forjou. Sua mãe, na pressa da situação, não lançou o feitiço perfeitamente, deixando lacunas perigosas. — Dionís explicou, trazendo mais um dos pontos de aviso ao protagonista. — Muitas histórias estão embaralhadas, mudando tudo de uma maneira não natural, e muito perigosa.

Espelho Espelho Meu - JakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora