Espelho Espelho Meu - Jakehoon

Uma piada cruel

O caos instaurou-se na Enseada das Tartarugas com a queda de Úrsula e sua frota, mas por sorte, ou talvez estratégia, as forças do reino das sereias assumiram o controle rapidamente, apreendendo soldados remanescentes do Império e terminando que afundar os navios inimigos. Pela manhã, Ariel já tinha a situação sob controle.

— O trem irá levá-los em segurança. Minha equipe se encarregará de uma viagem tranquila, e também que passaram despercebidos quando chegarem e forem de volta a Somin. — Ela caminhava, guiando o grupo pela estação de trem próxima à cidade.

Eric, que ficava ao lado da mãe, a observava com aquele olhar encantado, os olhos brilhavam de uma maneira que fez Heeseung sentir-se estranho só de ver.

— Deveria nos acompanhar, mãe.

A sereia negou com a cabeça, respondendo:

— Esse lugar ainda está um caos, e mesmo consciente da falsidade do mundo que habitamos, as pessoas daqui me veem como líder — dizia, apontando para a cidade ao fundo, as chaminés das lojas soltando filetes de fumaça, os telhados pintados pelo dourado do sol matutino e o som do mar. — É meu trabalho garantir que estejam em segurança, ainda mais se as forças de Jiyeon retornarem.

— Eu agradeço por isso, Ariel — disse a mulher de cabelos pretos cuidadosamente trançados. Seu vestido vermelho farfalhou enquanto passava a frente do grupo, seguida pelos filhos e o neto pequeno. Gothel. — Esse lugar foi nossa casa por três anos, fico contente em ver que está em boas mãos.

Ningning havia a encontrado na noite passada, assim como o restante da família Nishimura, que haviam se tornado curandeiros na cidade. Gothel não demorou para retornar a lucidez quando tocou o livro pela manhã, seu maior alarde foi pela segurança dos filhos e neto. Depois amaldiçoou — Não literalmente — a desgraçada da vizinha, que naquele mundo tinha conseguido roubar de sua horta, depois de tantas tentativas falhas no mundo original. Depois ela xingou Jiyeon com palavrões que fizeram Jay tampar os ouvidos de Jungwon com as mãos (Heeseung duvidava que o Yang já não soubesse metade daquelas ofensas, mas achou fofo o gesto; Jay parecia ter recuperado parte das memórias).

A ruiva sorriu.

— Retornaremos para nossa verdadeira casa muito em breve, eu espero, Gothel.

— Igualmente.

O grupo foi embarcando, guiados pelos subordinados de Ariel, enquanto Ningning, ainda liderando o grupo, permaneceu junto de Heeseung, Jay — Que tinha um braço e uma asa enfaixados, o que o impossibilitava de lutar e voar, mas Gothel garantiu que em poucos dias estaria recuperado —, Jungwon e Eric na entrada, conversando com a rainha sereia.

— Isso é para vocês, Juyeon na verdade — disse a ruiva, entregando ao filho uma concha branca grande.

Eric a abriu, espiando o que era.

— Uma bússola?

— Para Seorin.

O grupo se entreolhou, e o loiro arquejou, erguendo as sobrancelhas em surpresa.

— Não achou que eu a deixaria fugir de graça, não é? — perguntou Ariel, com um tom orgulhoso na voz. — Eu queria evitar trazer o filho de Chernabog e o Coringa para a luta, e eles viriam para protegê-la se fosse preciso, então limitei meu embate para Úrsula e deixei um fragmento de poder na garota quando ataquei. Escolhi minhas lutas. Podem rastreá-la, e com o colar Juyeon poderá acompanhá-los. Contanto que evitem combates perto de grandes massas d'água, a derrotaram sem problemas se lutarem juntos e evitarem os amigos dela, então deixem Juyeon pegar a magia de volta, ele saberá como fazer; é instintivo.

O rosto de Eric, que já sorria de orelha a orelha, tomou uma luz ainda mais alegre, radiante. Heeseung sabia que, assim como Sunghoon quando descobrisse isso tudo, o Lee iria fazer com que saíssem numa missão para isso assim que chegassem na mansão. Hoon podia priorizar o resgate de Jake, mas com Juyeon as chances deles aumentavam e muito, tornando o rumo das coisas previsível.