O baile

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Sunghoon sentia como se as grades de sua prisão tivessem ficado ainda mais gélidas.

Quando voltou para casa, o Park mentiu, dizendo que Juyeon havia comentado gostar de seus cabelos platinados, então retomou a coloração em seu cabelo. Os empregados não perguntaram mais nada, apenas assentiram, provavelmente indo contar a mãe dele que o filhinho estava sendo bem-sucedido em seduzir o tritão.

Sempre era desse jeito, então nem se surpreendia com a lealdade assustadora daqueles anões para sua senhora, era quase como se fossem bonecos presos em cordas que os guiavam de maneira obediente.

Na aula de sexta-feira, ele e Jake mantiveram as aparências, assim como Juyeon também o fez. No horário de aulas, quando tinham que estar na mesma sala, Hoon e Jakey se mantiveram distantes, mantendo as mesas como paredes entre eles dois, não se falaram ou olharam um para o outro. No almoço, Sunghoon dividiu a mesa com Juyeon, sempre conversando e segurando a mão do tritão ruivo, arrancando suspiros daqueles que passavam, apaixonados pelo jeito meigo como eles agiam. Mas de vez em quando, Sunghoon passava seu olhar bem rápido por onde Jake se encontrava, sentado junto de Niki, Jungwon e Jay.

Naqueles momentos o Shim sentia o corpo arrepiar, e tinha certeza de que o Park ainda estava pensando nele enquanto se mantinha ao lado do ruivo mais bonito daquela escola.

Durante a tarde, Sunghoon saiu com Juyeon para o shopping, o que era uma desculpa para encontrar com Heeseung, casualmente, durante as compras e ele os acompanhou. O trio então levou o restante das horas antecedentes ao baile para repassar o que fariam. Aquela noite era o momento para descobrirem tudo.

(...)

Na residência dos Park, a mãe de nosso protagonista também agia para pôr em prática seus planos. Acompanhada de Mestre, Zangado e Dunga, a rainha retornava a seu salão do espelho.

— Estou farta de toda essa bobagem. Já se foram tantos anos, discussões e preparativos, tudo para conseguir o que ele começou — disse a morena, interrompendo seus passos e olhando a sua esquerda.

Pendurado na parede, se fazia presente o enorme quadro de corpo inteiro, pintado em homenagem a um homem alto, de cabelos pretos e pele pálida, olhos castanhos apáticos de vestimentas formais. A figura foi registrada enquanto o homem estava sentado em sua poltrona, com um luxuoso escritório ao fundo, repleto de estantes de livros, móveis caros e com a entrada de luz natural vindo da janela.

Seria quase um cenário lindo, se não tivesse a figura mórbida em seu centro, tomando todas as atenções de quem observava.

— Pai, que bom que enfarto cedo, porque se não teria ao ver Sunghoon namorando o filho de nossa inimiga. — Ela não dizia aquilo propriamente para o quadro, talvez fosse para si mesma, mas os anões não sabiam explicar ao certo.

A patroa tinha momentos como aqueles, onde se perdia em pensamentos, relembrando momentos passados e figuras que já se foram a bastante tempo. Pelo menos nos últimos dias o bom humor dela prevalecia, agradada pelo filho ter feito suas vontades, nem aquele cabelo branco podia gerar algum incômodo, pois Sunghoon vivia grudado com Juyeon e em breve estariam juntos. Mesmo que seu filho desse para trás, ela iria se precaver a respeito.

— Preguiça está trazendo o último ingrediente perdido, senhora. — Dunga avisou, após receber uma mensagem da cozinheira em seu telefone.

— Excelente, então já posso começar meus preparativos.

— Senhora... — Zangado a chamou, nitidamente receoso.

Até mesmo o mais bravo dos anões parecia temer Branca de Neve, pelo menos a atual detentora do cargo.

Espelho Espelho Meu - JakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora