A família Park

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As estações pareciam estar mudando, mas Sunoo não saberia dizer, ele já perdeu há muito tempo a noção da passagem dos dias. Depois de todo o oceano de confusões enfrentado, se desprendeu daquela habilidade. Até devia ter calendários pela mansão, mas andava sendo o tipo mais atento a algo do tipo.

Somin partira naquela manhã com uma equipe, incluindo Minho e outros imediatos mais velhos, deixando os mais novos e aqueles envolvidos com a Enseada das Tartarugas para trás. Ela recusou a participação de Jay e Ningning, mesmo os dois praticamente implorando para irem; suas ordens foram para que descansassem. Jungwon tinha tentado ir escondido debaixo da carruagem, mas foi encontrado por Minho antes da saída e jogado de volta para dentro da mansão, os poderes retidos pelas próximas horas.

Os grupos haviam se dispersado, todos preocupados. Sunghoon levou Juyeon e Eric consigo para passear pela propriedade, Heeseung os acompanhou, se mantendo ao lado do tritão loiro. Os outros ficaram dentro de casa, enquanto Sunoo decidiu caminhar, mas de preferência sozinho.

O Kim queria um tempo sozinho, precisava pensar. Pensar sobre a vida; sobre Niki.

Como nunca foi do tipo resistente ao frio, decidiu estrear o casaco que sua tia Drizella havia costurado para si. Nos últimos dias ela lhe mostrou a coleção de roupas que preparou para ele, o suficiente para cada estação, feitas à base das medidas antigas. Claro, ele havia ganhado uns quilinhos nos últimos anos, nada que o fizesse se sentir mal — Sunoo não tinha problemas com o próprio corpo, apesar do que os antigos colegas possam esperar de alguém com uma mãe tão fissurada com aparência —, mas era inegável como suas coxas e bunda havia ganhado uma forma mais carnuda. Isso não o fazia se sentir mal, no máximo estranho quando vestia algo apertado e a calça marcava.

Felizmente Drizella era rápida nos ajustes, e logo ele teria muitas roupas, mais do que teve no castelo da mãe nos anos como empregado. As tias também o alimentavam tão bem, os últimos dias foram cheios, elas estavam aliviadas com seu retorno e de Niki, e encheram os Nishimura de paparicos. Na primeira noite fizeram um jantar “De família”, e sim, elas fizeram todos os Nishimura irem, colocando Sunoo e Niki lado a lado na mesa.

Céus, como foi estranho! Eles nem tiveram oportunidade de resolver as coisas.

Claro, Sunoo estava louco para fazer isso, mas depois da revelação do Coringa, tudo se complicou. Agora o melhor amigo de Niki estava preso com os inimigos, seu corpo sendo usado por um assassino louco. Como Sunoo iria chamá-lo para falar sobre namoro com um problema desses na cabeça de Niki?

Até podia ser idiota, mas aí ele seria um cretino desprovido de bom senso.

O jantar também não era a melhor das oportunidades. O que diria? “Ah, desculpe por ter sido um babaca mimado, enquanto você tentava salvar sua família da miséria. Estamos bem?” na frente de todos os seus familiares.

Pior de tudo era Gothel e Haru o tratando tão bem, às duas sempre foram gentis, mas agora abraçavam Sunoo sempre que o encontravam. Haru o chamava de “cunhadinho” tantas vezes ao dia que ele quase chorou de desgosto por si mesmo.

Vinha se sentindo cada vez mais podre, remoendo as atitudes que teve num lapso de raiva e desinformação. Por que era tão impulsivo? Tão desmiolado!

Ele começou a dar tapas na própria testa, resmungando de desgosto enquanto ficava sentado no banquinho velho do lado de fora da mansão. A grama estava baixa naquela área, já que as pessoas de fora não podiam enxergá-los pelo feitiço, então não precisavam ser descuidados com os cuidados nas proximidades, apenas perto da barreira.

— Nesse ritmo você vai ficar com um galo — apontou Winter, a voz doce surgindo ao lado de Sunoo.

Ele levantou o rosto, encontrando a amiga em seu vestido azulado velho, assim como a maioria das roupas dali, o cabelo trançado e o rosto limpo de maquiagem — Era caro demais, então o máximo que as mulheres da casa usavam eram produtos improvisados. Isso o lembrou que sua tia Anastásia lhe deu um produto a base de frutas vermelhas para os lábios, não era batom ou hidratante, mas uma mistura que cumpria o propósito.

Espelho Espelho Meu - JakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora