Era uma vez, num reino muito, muito, muito distante...

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Aquilo parecia um pesadelo, um pesadelo absoluto.

Jake correu pelos corredores escuros do apartamento, Jay e Heeseung logo atrás, em fuga do corpo moribundo e aterrorizante do senhor Park. Certamente o destino estava se divertindo com aquilo, assistindo o quão perturbador podiam ser os relacionamentos de Jake com seus sogros. Uma bruxa assassina que matou sua mãe, e agora um zumbi maluco perseguindo ele e seus amigos.

Com certeza algum deus travesso estava sendo contagiado por gargalhadas altas, entretido por sua desgraça.

Quando os três jovens se viram sem saída, encurralados dentro do ateliê da bruxa que deveriam estar enfrentando, com um zumbi no encalço, um zumbido tomou os ouvidos de Jake. Heeseung e Jay foram rapidamente até as grandes portas abertas, empurrando as estruturas de madeira escura com avidez, movidos pelo pânico, trancando o zumbi Park do lado de fora…

E eles no de dentro.

O zumbido aumentou, Jake não conseguia ignorá-lo. Os outros dois meninos colocaram os corpos contra a porta, tentando conter os empurrões do Park. Não tinham a chave da porta, muito menos magia para um feitiço de selamento, então agora era a força deles contra a do sujeito enfeitiçado.

Então o zumbido deixou de ser um zumbido, virando um sussurro…

Uma voz.

Jake virou-se, seguindo o som, e então lá estava ele: o espelho. Gigantesco, posto ao fundo da sala, sua superfície reflexiva projetava luz enquanto exibia algumas imagens, mas o conteúdo das imagens não havia interessado Jake, apenas o som. Antes, quando estiveram ali guiados por Preguiça, Jake ignorou o espelho, dizendo a si mesmo que não deveria nem olhar na direção do objeto, mas agora a voz o chamava.

Ele deu um passo em sua direção, e a voz tornou-se duas. Outro passo, três vozes.

"Venha".

"Liberdade".

"Toque, pegue o que é seu!".

Quanto mais Jake se aproximava, mais vozes surgiam. Eram como sussurros que ganhavam presença, rastejando para dentro de sua mente na forma de víboras douradas e escarlates rastejando pela luz, indo em sua direção.

"Por favor, liberdade".

"Sou seu, sempre fui. Fomos".

"Está na hora, majestade".

"A coroa lhe pertence".

Um labirinto de palavras surgiu, com vozes se projetando cada vez mais altas.

Houve um sussurro entre elas:

"Não toque, fuja!", mas Jake mal escutou aquela mísera voz em meio a tantas.

— Jake? — Jay chamou, ajudando Heeseung a empurrar alguma daquelas tralhas mágicas velhas de Jiyeon para bloquear a porta.

A voz do amigo não alcançou Jake.

O jovem príncipe foi até diante do espelho, a mão direita se estendendo, pronta para tocar a superfície reflexiva. Seus dedos formigavam pela vontade, a boca secou, os olhos brilhavam encantados e sua mente ficou hipnotizada pelo desejo de possuí-lo.

Quase podia sentir o frio do espelho sobre os dígitos… quase.

— Jake! — Heeseung o agarrou pelos braços, puxando o Shim até perto. O torpor mágico se desfez, os olhos de Jake viram a expressão preocupada do Lee, seus cabelos molhados de suor e a expressão preocupada e exausta. — O que houve?

— O espelho… ele tem algo estranho.

— É um espelho amaldiçoado, se ele fosse normal seria de estranhar.

Espelho Espelho Meu - JakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora