ALEXIA

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Eu estava perdida

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Eu estava perdida.

Não, era bem pior. Que ideia sem pé e nem cabeça que Mavis foi inventar de me jogar feito uma mercadoria de supermercado? Eu não pedi para ser leiloada como as joias que arremataram. Ela simplesmente convenceu os organizadores de me incluir no pacote do jantar como se eu fosse uma supermodelo requisitada por metade da população mundial, e eu não sabia como a minha colega de trabalho conseguiu ter uma influência grande o bastante para fazer uma coisa dessas, mas que infelizmente acabou funcionando conforme ela havia pedido.

Agora eu tinha que ir para essa droga de jantar com o Pedri.

Ele não tinha nada que ter se metido nos lances do Garnacho, aliás. Pedri não deveria me odiar? Quando eu soube que seria inclusa em mais uma vergonha pública, implorei para ele ou Marcus cobrirem os valores. Eu não pretendia viajar até Bilbao para cumprir com o jantar, e sim faria questão de entregar para qualquer um dos dois irem com as suas namoradas. Eva ou Lucia seriam muito mais felizes comendo as comidas cheias de frescuras por já estarem acostumadas a viverem no luxo do que a menina que cresceu andando de pé descalço na ilha de Tenerife.

Pedri tinha enlouquecido de vez. Quinhentos mil euros em uma só noite? Nem se eu passasse cem anos trabalhando seria capaz de ter essa quantia na minha conta. O fato dele ser um jogador de um clube renomado e poder sair gastando sem freio não era o que me impressionava. Pedri deixou claro que queria ter uma conversa. Não seria muito mais fácil me procurar pelo hotel ou, simplesmente, usar da boa tecnologia para enviar mensagens?

Não, é claro que ele não deixaria passar uma oportunidade em branco de disputar com o Garnacho.

Eu sugeri as outras opções mesmo sabendo que tomei a devida precaução há um bom tempo em relação as pesquisas. Era óbvio que em algum momento a curiosidade iria bater e ele poderia jogar o meu nome nas redes. Eu não descartei essa possibilidade. O meu perfil pessoal era usado com um nome aleatório e as matérias no site esportivo eram assinadas somente com as minhas iniciais. A maioria das pessoas não se preocupam em analisar minuciosamente quem é o autor da notícia. O foco é ser atraído pelo título, devorar o conteúdo, formar uma opinião e voltar para a vida normal. Por mais que ele chegasse a ler, era uma chance mínima cogitar que A.F se tratava da mesma pessoa que aprendeu os seus ensinamentos futebolísticos de anos atrás.

Escanteios, tiro de meta, faltas, nomes para certos lances..... Tudo eu tinha aprendido com ele. O gosto pelo futebol que antes eu achava uma total perca de tempo, também foi repensado quando Pedri me ensinou a jogar.

Talvez ele ainda se vanglorie por esses feitos.

Mas foi um sacrifício ter ficado no outro lado vermelho da força. Eu gostava do United, mas nada se igualaria a vibração apaixonada nos jogos em Barcelona. Voltar ao estádio me fez lembrar de como a vida era mil vezes mais leve quando não tinha nada para me preocupar. Nenhum sentimento ruim me consumia naquela época. Era somente assistir as partidas na cidade e depois retornar para o esconderijo de Tegueste. Um mundo secreto flutuando em cima do oceano e sendo só nosso para chamar de país das maravilhas.

Glitch • Pedri GonzálezOnde histórias criam vida. Descubra agora