ALEXIA

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Dia das bruxas

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Dia das bruxas.

Eu adoraria estar fantasiada igual a maioria dos americanos, com algum sangue fictício impregnado na minha pele e fazendo travessuras muito mais preocupantes do que sair com uma cestinha em mãos pelas ruas de Tegueste. Era final de outubro e tanto eu quanto as dezenas de pessoas presentes, tinham um compromisso anual e considerado impossível de ausência para acontecer nesse exato momento.

E todo ano era o mesmo sentimento de lembrança.

Não era a primeira vez que eu era escolhida para cobrir a cerimônia de premiação do Puskás, mas as memórias faziam questão de me acompanhar na data especial. Todos estavam esperando a volta do segundo bloco com mais troféus sendo entregues e diferentemente do que a tradição mandava, as minhas roupas seguiam na linha sem graça e monocromática do jeans preto e blusa de gola alta, se assemelhando no máximo a uma vampira dos tempos modernos. A imprensa não precisava se vestir de acordo com o protocolo da premiação, e confesso que eu nem teria uma peça a altura dos ternos e vestidos caros contidos nesse evento.

Um preço considerado centavos para boa parte dos convidados que estavam aqui.

— Ele tem muita chance de levar esse ano.

— Espero que não esteja falando do falso prodígio do Barcelona. — Garnacho desdenhou enquanto eu assistia Marcus negar em silêncio. Eu havia me infiltrado em um dos bancos e consegui que nenhum segurança me colocasse na outra área destinada aos jornalistas, obtendo uma ajuda extra das luzes agora mais escuras por conta da pausa. O meu objetivo era acompanhar os dois indicados do United e ao menos fingir que eu não tinha uma amizade rotineira com ambos os jogadores. — Muita mídia, pouco futebol.

— Não é o que os números dizem.

— Você sabe que é mais novo do que ele, não sabe? — sussurrei para o loiro, com Rashford rindo baixo no assento que nos separava. Ele revirou os olhos e balançou a mão em descrença. Não fazia sentido nenhum chamá-lo de prodígio.

— Deveriam estar do meu lado. Vocês defendem ele demais.

Não era bem uma verdade. Rash defendia porque era justo. E eu.... Também.

Era comum que os meus ouvidos escutassem as opiniões nada legais em relação ao Pedri, e muitas vezes eu não conseguia ficar quieta. Fazia anos que não nos falávamos e mesmo assim ainda o defendia diversas vezes. O jogo entre os dois clubes ocorrido na temporada passada só brotou a semente da discórdia nos dois jogadores, mesmo que Pedri nunca tenha incitado o atrito enquanto Garnacho nem fazia questão de esconder as provocações para o público. Ele simplesmente passou meia hora me dizendo que aquela comemoração que ele fez e que Pedri usava, teria sido na pura coincidência da partida, se lembrando apenas porque a repercussão foi grande demais para se esquecer.

E era nítido que ninguém iria acreditar nisso.

Eu os conhecia diariamente. Passei a acompanhar as suas rotinas e saber detalhadamente dos gostos profissionais dentro e até fora de campo. Rashford se tornou um irmão para mim. Quando sai de Tegueste e me mudei para Stretford, ele foi o primeiro e único que conseguiu colar os cacos da amizade e da confiança, os encaixando como se fosse um novo melhor amigo.

Glitch • Pedri GonzálezOnde histórias criam vida. Descubra agora