ALEXIA

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O apartamento estava em chamas

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O apartamento estava em chamas.

Bem, isso era uma hipérbole. O apartamento não estava tooooodo em chamas. Uma pequena parte dele, talvez, estivesse sendo consumido em algumas faíscas altas até o teto, e não era como se eu não tivesse avisado. Eu o avisei, não foi? Ele estava ciente desde o começo sobre o perigo que estava correndo ao me arrastar pra cá. Pedri não podia se fazer de surpreso quando passasse pela porta e visse a situação atual do seu imóvel.

Ai, meu Deus.

Imagine a cara dele ao ver o meu desastre proposital.

Levo a mão a boca e tento abafar a risada, arregalando os olhos quando escuto o barulho de sirenes se aproximando na avenida. Eu liguei para os bombeiros como prometido e provavelmente era eles que estavam chegando nesse exato momento.

Tudo culpa do Pedri que me deixou trancada.

E em minha legítima defesa, eu precisava de uma alternativa viável para sair. Ninguém me ouviria gritar com a madeira grossa nas duas entradas. Eu vasculhei por cada canto desse apartamento pela chave mas não achei nenhum vestígio de onde ele teria colocado. Muito provavelmente andasse com ela ou a deixasse no carro, porque era bem possível que tenha imaginado que eu fosse procurar depois.

Cretino.

E para piorar a minha impaciência de ter virado a sua prisioneira, recebi uma ligação do telefone fixo de uma mulher querendo falar com ele. A sujeita disse que era urgente e só. Foi o suficiente para os meus ouvidos. Eu adoraria ter mais detalhes para divulgar, mas eu estava com tanta raiva que desliguei no mesmo instante que atendi.

Não sei se sinto pena ou desgosto dessa mulher que ligou.

Eu imaginei que ele trouxesse mulheres para cá e depois da ligação, fiquei com ódio por estar aqui. Se Pedri pensava que eu faria parte da turma, ele estava redondamente enganado. Agora mesmo que pego as minhas coisas e sumo da sua vista assim que arrombarem a porta e verem o estado caótico da cozinha pegando fogo. Eu só lamentava pelos utensílios bonitinhos que brilhavam e de repente estavam sendo manchados pelo ar quente além do normal.

Mas aí eu lembrava que ele era rico e podia comprar tudo de novo.

E de novo.

E de novo.

O estrondo contra a primeira porta me fez pular de susto, recuando vagarosamente para as divisórias da varanda e imaginando que já fosse os bombeiros. O fogo tomava conta de muita coisa e não imaginei que se expandisse tão rápido. Tudo o que fiz foi pegar a ponta de um pano queimando e espalhar o álcool que encontrei na área de serviço pela bancada. As partes específicas dos armários contendo os objetos estavam todos em brasa, e os eletrodomésticos com certeza seriam prejudicados pelo contato intenso do fogo.

Eu fiz algo ruim.

Muito ruim.

Mas por quê parecia ser tão bom?

Glitch • Pedri GonzálezOnde histórias criam vida. Descubra agora