PEDRI

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Anos atrás

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Anos atrás.....

Parece que a minha garota que costumava agir na rebeldia, estava prestes a ser devorada pelo frio.

Quatro da manhã no relógio e doze graus no termômetro. Lexi se agasalhava com um dos meus casacos maior do que o seu tamanho escorada no Jeep azul, encarando o nada. O clima somado a ausência do astro luminoso da manhã ajudava em expressões pálidas e entristecidas, mas essa era a última coisa que deveria estar esboçado no rosto da minha garota.

Ela vivia cheia de gracinhas para descumprir as minhas regras. Não era o gélido estabelecendo território com a temperatura que colocava a alegria dela de joelhos. Ela estava preocupada. Alexia achava melhor não embarcar na viagem de duas horas para os montes de Tenerife e permanecer ao lado da avó com medo de algo acontecer enquanto ela estivesse fora.

No final de semana anterior ela não quis passar na minha casa e eu a entendi, por mais que sentisse um vazio do caralho nas três noites. Ela não apareceu de madrugada na minha cama e não esteve no seu quarto em frente ao meu. Poucas vezes Alex não veio nessas datas e cem por cento foi quando estava doente. Ela estava enviezada com o futuro sombrio. Quieta. Distante. Diferente de quem eu conheço. E estive quase para ligar o motor da picape e aparecer na sua porta com a abstinência miserável de Alexia França palpitando feito um alarme incessante.

Se fosse só ela eu a acordaria no meio da noite e arrastaria para mim, mas eu não podia ser um filho da puta imprudente. A sua avó estava doente, e chegar de madrugada com a desculpa de sentir falta da neta era uma inconveniência difícil de aceitar.

Então até que amanhecesse em Tenerife, tive que fantasiar na mente a presença da garota ao meu lado.

Mas parecia que ela ainda não estava fisicamente entre nós.

Me escorei na parede, assistindo minha mãe passar com um recipiente transparente cheio de lanches. Voltaríamos à noite mas a quantidade era de quem passaria uma semana fora. Ela chamou pela morena aérea e não obteve reposta em acompanhá-la até os bancos traseiros.

Não era só a doença que estava a preocupando. Tinha algo de errado e não era de hoje.

E assim que saírmos ela vai me dizer o que é.

— Alex.

Os olhos castanho-amarelados piscaram saindo do transe, me olhando com atenção. Eu faria de tudo para saber no que diabos ela tanto pensava.

— O que?

Sinalizei para onde minha mãe estava.

Alexia não era de ficar dispersa. De guarda abaixada. A garota era esperta como uma leoa, e há alguns dias vinha me evitando. Arrumava uma desculpa para voltar sozinha depois da escola e não prolongava conversa. Fernando disse que poderia ser coisa normal de mulher e sobre o que vinha acontecendo em casa, mas eu não acreditava nenhum pouco nisso.

Glitch • Pedri GonzálezOnde histórias criam vida. Descubra agora