ALEXIA

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Anos atrás

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Anos atrás.....

Ai, meu Deus!

Eu tinha certeza que Pedri estava sorrindo atrás de mim, achando patético a minha demonstração de medo diante de uma cena que era tão normal para ele. O Jeep azul-claro que ele ganhou de aniversário disparava em cem quilômetros no velocímetro, se tornando praticamente uma estrela cadente sem brilho na madrugada de Tegueste. As estradas estavam desertas e as únicas coisas que sinalizavam o mundo afora, era a ventania adentrando pela janela juntamente com o cheiro salgado da praia. Tanto as árvores quanto a extensão do mar estavam mergulhadas na pura escuridão da noite.

Eu só não deveria ter caído na maluquice de pedir pra ele me ensinar a dirigir.

— Pedri!

— Medrosa.

— Eu não sou medrosa. — virei o meu rosto para o lado e o encontrei esboçando um sorriso mínimo, atento na pista asfaltada da ilha. As minhas mãos estavam por baixo das dele no volante, já que nem metade do caminho eu joguei a toalha para ele vir assumir. Só que em vez disso, Pedri passou para o banco do motorista e me deixou firme em seu colo, guiando enquanto eu me apavorava sempre que o ponteiro subia de numeração. — É que não é uma forma muito aconselhável de começar a aprender.

Ele balançou a cabeça em negativa.

— É o melhor momento para aprender.

Quando que dirigir à noite e às pressas seria melhor do que em um dia tranquilo e calmo? Tudo bem que não continha ninguém no horário tardio que estávamos, mas mesmo assim. Era arriscado. Eu nunca tinha pegado no volante antes. Sempre fiquei assistindo o irmão de Pedri ensiná-lo e desde o ano passado que venho seguindo na linha humilde e quieta de telespectadora.

Até agora.

Eu fiquei em uma espera infinita depois da escola mais cedo. Ele não tinha carteira por ser de menor, mas a fiscalização aqui na ilha não era tão pesada, então conseguíamos driblar a proibição quando ele ia me buscar após os treinos à tarde. A indignação tomou conta quando deduzi que o seu atraso era devido a saída de última hora com a insuportável da Sabrina Bailey. Eu não ligava para o fato dela ter me roubado a camisa dez do time feminino e que agora todos a idolatravam como se fosse uma deusa viva na terra.

Ok, certo. Talvez eu ligasse um pouco.

Mas em minha defesa, isso aconteceu anteontem! Sabrina era horrível. Jogava sujo e só se importava com os seguidores sem noções que faziam de tudo para se juntar ao grupo patético de amigos falsos. Os garotos achavam as meninas burras por suspirarem pelos cantos mas conseguiam serem bem piores quando não enxergavam um palmo à frente. Principalmente se nessa distância estivesse a cobra da menina mais rica da escola.

Glitch • Pedri GonzálezOnde histórias criam vida. Descubra agora