Prólogo 🗨

43 5 1
                                    

Porque quando não estou com você, sou mais fraco

Isso é tão errado? É tão errado?

Que você me torna forte – Strong, One direction.

Seus pulmões pesavam como chumbo, enquanto os ombros doíam. Essa mesma dor traçava um caminho da coluna até as pernas, espalhando-se gradualmente e se concentrando em seus tornozelos gordinhos.

Afastou a mecha fujona com o dedo, pondo atrás da orelha. A essa altura do campeonato seu coque derretia, soltando-se e ameaçando liberar os fios presos.

‒ Espero que tenha dinheiro sobrando nesses shortinhos ‒ Seung gritou a passos consideráveis de distância. Mesmo longe, a garota via seu sorriso implicante.

Cora praticamente arrastava os pés, mal caminhava desde que desceram a rua e se distanciaram da casa.

As roupas de Junni mais novo eram um atentado ao bom senso. Quando alguém se vestia precisava ter o mínimo de noção que não seria apenas para si, outras pessoas acabariam vendo.

Em resposta ela soltou um longo bufar, fraca demais para pensar em uma resposta malcriada que seja a altura.

Não conseguia definir se estava perto ou longe do destino. Os neurônios pegavam fogo e, embora o clima outonal não se compare ao Sol flamejante do verão, a distância a matava lentamente.

Normalmente conseguiria ir correndo, apostavam corrida e, o último a chegar a sorveteria pagava a conta. Motivação suficiente para fazer Cora botar as pernas para trabalhar.

Mas ultimamente era dominada por um cansaço frequente, tão forte que, assim que a invadia, parecia que cairia em questão de um único sopro.

Dentre tudo que aconteceu nesses últimos meses, não tinha muita expectativa pelo resto do ano. Sua irmã deveria voltar para França antes do início do próximo mês.

Fora Junni...

‒ Chega, eu...Vou ficar por aqui mesmo. Gostei dessa vista ‒ os joelhos cederam, abaixando-se. Sua voz saiu em meio a um suspiro enfraquecido, sem forças ‒ Pode tomar um Milkshake por mim. Só não escolha aquela droga que tenta imitar café.

Cora fez gestos desleixados com a mão, expulsando o rapaz. No entanto, como um bom ouvinte, decidiu ignorar.

Virou-se para trás, encontrando uma Cora sentada na calçada com as pernas esparramadas e esticadas de qualquer jeito. Seria cômico, caso a parte preocupação em si não estivesse se manifestando.

Desceu as mãos para o bolso das calças, aproximando-se casualmente. Mesmo preocupado, seu olhar ainda brilhava pelo divertimento.

Cora tombou a cabeça para frente, escondendo o rubor das bochechas e disfarçando o semblante exausto. Evitaria a todo custo parecer acabada.

Mesmo assim, Seung ainda era capaz de acompanhar sua respiração pelo movimento dos ombros, subindo e descendo ofegante.

‒ E eu pensando que Christa fosse sedentária o suficiente ‒ ladeou a cabeça, acompanhando o subir de lábios ‒ Vamos, Rara. Uma delícia gelada e açucarada nos espera.

Cora não respondeu de primeira, trazendo um breve silêncio entre ambos. Restou apenas o farfalhar das folhas das árvores e o assobio do vento, torturando Seung a medida que os segundos passavam.

Foi remoído pela inquietação, correndo o olhar incerto pelo pequeno corpo e a maneira que era atraído para o asfalto. Quase deitando.

Mesmo se ela respondesse agora, não era comum se calar diante de qualquer fala sua. Sempre tinha uma resposta ácida na ponta da língua, uma que sempre o tirava do sério.

Aquele sapato vermelho [✔] - ATUALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora