Aquele sapato vermelho [✔] - ATUALIZADA

Finais

‒ Meu amor, ficamos felizes que está em segurança ‒ amassou o rosto de Cora, permitindo que respirasse em troca de bochechas esmagadas ‒ Por que está aqui fora? Aconteceu algum problema com seu quarto?

O semblante preocupado vasculhou a área, procurando qualquer profissional disponível para atendê-la.

Se tivesse força suficiente teria amassado o ferro do soro. Quase podia ignorá-lo, exceto quando andava ‒ precisava arrastar o objeto de um lado para o outro.

‒ Ficamos? Você e o Oompa Loompa dentro da sua bolsa? ‒ sorriu mostrando todos os dentes, sendo liberada do aperto.

‒ Acredito que não me pareço com um homenzinho engraçado ‒ seu pai surgiu do puro nada, parando ao lado da esposa com um olhar cansado ‒ Como vai, filhote?

As batidas quase erraram ao escutar o apelido de infância. Conseguia contar nos dedos as vezes em que a chamaram por ele.

‒ Bem ‒ suavizou o sorrir exagerado, deixando a tensão se esvair e sumindo conforme memoriza cada detalhe dos pais ‒ Melhor agora que vocês chegaram.

O pai sorriu, revelando pequenos riscos no canto dos olhos, marcas da idade. Ao contrário da bolsa escura em baixo dos olhos, também manchando o rosto da mãe.

O toque carinhoso dela percorreu sua pele, agora quente por te passado bons minutos abraçada por seu irmão ‒ descobriu recentemente que o contato humano é a melhor fonte de calor natural.

‒ Vim pedir perdão pela forma como agimos. Nunca pensamos em dar mais atenção para uma e privar a outra ‒ soou sincera, transmitindo arrependimento pelo olhar ‒ Acabamos cuidando mais da sua irmã porque...

‒ Porque ela é mais descuidada e vive com a cabeça nas nuvens. Se deixássemos ela voaria pra long...Outch! ‒ grunhiu de dor, interrompido pelo puxão em seu braço carinhosamente dado pela esposa.

‒ O que seu pai quis dizer é que mesmo sendo a mais velha, Christa tende a ser difícil de lidar e mais impulsiva ‒ pigarreou, dando um passo para trás e gesticulando para o marido ‒ Seu pai também tem algo a dizer.

Cora recaiu os olhos cintilantes para o pai. Não queria ter expectativas, mas depois de ver eles ali, extremamente preocupados, sentia que era importante, seja lá o que pretendesse falar.

No entanto, uma voz corta a conversa pela raiz.

‒ Acho que essa Christa aí deve ser uma pessoa ótima com ótimas intenções e muita ambição ‒ aproximou-se com ar pimposo, preparado para defender sua honra. Ah, se eles soubessem ‒ Gente espirituosa é julgada facilmente de difícil, quando, na verdade, são elas que movimentam a nação e...

‒ Menos ‒ aumentou o sorriso fazendo os olhos encolherem. Puxou o corpo para si, posicionando bem ao seu lado para só ele escutar ‒ Não exagere. Está dando muito na cara.