Conrad atravessou os dois próximos corredores, ignorando a cantina e os grupos de alunos. Amontoavam-se a ponto de mal passarem na porta grande.
Conteve a vontade de analisar e verificar cada cabeça por ali. A sensação de vazio em seu interior foi aumentando conforme tomava distância.
Ás vezes parava para pensar em como seria fazer parte de um cardume. Um bando que servisse como uma casa quentinha em dias bons e um abrigo contra tempestades em momentos nem tão bons assim.
Não se via dentro de nenhuma panelinha, chegava a ser estranho. Cansou de se perguntar qual é o problema consigo.
Defeito de fábrica, talvez.
Desceu as mãos para os bolsos, rezando internamente para não esbarrar com Monet. Ela era uma boa pessoa.
Uma pessoa incrível, aliás.
Não é atoa que está no ápice da felicidade por terem um encontro marcado. Essa semana ganhou um propósito ‒ seu plano começaria oficialmente e sairia da sua mente maluca.
Mas Ashley tornou-se o mal encarnado da sua terra. Podem achar um exagero, mas ser traída por uma amiga ‒ no caso da Nirvin, uma verdadeira irmã ‒ não deixaria de ter um impacto no emocional
Talvez seja por isso que nunca sentiu necessidade de pertencer a um grande grupo. Ter Ashley bastava porque ela valia por vários.
Conrad apertou um pouco o passo, notando o tempo passar. Temia perder o treino e ser assombrado pela culpa.
Prometera para Seung. Mesmo seu coração quebrado pelo rapaz, não era certo dizer que ele não tem provado ser bastante presente e receptivo com seu plano mirabolante de conquistador.
Reconhecia que tinham se afastado consideravelmente desde a partida de Christa. No entanto, quando começou a se perder, ele surgiu.
Ele a achou escondida e, quando não queria ser encontrada e precisava de um tempo, não tentou achá-la e tirá-la a força da caverna.
Respeitoso era uma das qualidades mais altas de Seung. Respeitava o espaço de qualquer pessoa que tivesse o prazer da sua amizade.
Por esse motivo que Cora não conseguia acreditar que beijou Ashley contra a vontade dela, muito menos contra sua vontade. Ele não costumava fazer o que não queria ‒ ambos queriam aquilo, deviam precisar, pensou nas vezes em que o peito doía.
Conrad balançou a cabeça. Desviou da entrada principal do campus e, assim que saiu, andou pela grama em direção ao ginásio externo ‒ curiosidade, a única coisa externa era a volta que os universitários precisavam fazer.
A área em si era fechada como qualquer outro ginásio americanizado. O cheiro de suor misturava com o de borracha queimada da sola dos tênis gastados.
O azul desgastado da porta despontou sob o sondar intragável de Conrad. Seu metal tomava cor de ferrugem a medida que os semestres passavam.
Espalmou as mãos nela, empurrando com menos gentileza do que pretendia. Apenas percebeu o nível de brutalidade quando o estrondo ecoou pelo lugar.
Conrad segurou uma careta, deixando as portas baterem e se encontrarem em mais um barulho.
‒ Discreta como sempre ‒ o tom entretido de Seung roubou sua atenção, fazendo com que se direcionasse para frente.
‒ Preciso marcar presença ‒ não conteve um sorriso, aproximando-se despretensiosamente com os dedos no cabelo ‒ Não pode pedir para alguém com esse rostinho algo impossível como ser discreto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aquele sapato vermelho [✔] - ATUALIZADA
Teen FictionCora tem grandes problemas, mas Seung Ho, definitivamente, não merece ficar entre eles. O que mais a frustra não é a atração inexplicável pelo amigo, mas sim a maneira como sua irmã desperdiça a vida correndo atrás de homens que não prestam. Ela não...