Aquele sem um terno pt1

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NA CERIMÔNIA DE JUNNI

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NA CERIMÔNIA DE JUNNI

‒ No artigo sete da constituição de 1935 diz que tenho direito de ir e vir! ‒ esbravejou Cora em protesto, mantendo o corpo contra a porta.

Seu corpo ameaçou ir para frente por mais uma vez e, por mais uma vez, conseguiu buscar forças na parte teimosa dentro de si.

O solavanco da porta contra suas costas começava a gerar uma onda de desconforto.

Provavelmente iria intensificar durante a noite, assim que tentasse dormir.

No entanto, nem o pensamento desconfortável e a idéia de que viraria a noite com dores foi capaz de fazê-la cogitar sair do lugar.

Os pés mantinham-se firmes no piso, deslizando um centímetro toda momento que sua irmã enfurecida socava a madeira.

Era tanta raiva que imaginava ser essa a maior prova de força de uma mulher em sua maior fase de feminilidade. No auge das cólicas e da ovulação.

‒ Deixa de ser uma idiota! ‒ rebateu nem um pouco contente. A maçaneta tremeu pelo forte bufar ‒ O artigo não é o sete e foi no ano de 1948. Passou bem longe.

Cora quase agradecia por ter uma camada generosa de parede e árvores servindo de barreira entre ambas.

Assim, além de não precisar sentir os punhos contra suas costelas ao invés da própria porta, ‒ a raiva de Christa conseguia ser abafada.

‒ Nem tanto assim, não seja cruel ‒ resmungou, fincando a palma na madeira e somando com as forças dos calcanhares ‒ Pode pesquisar que alguma coisa importante aconteceu em 1935!

‒ Isso só prova que você faltou ás aulas de história ‒ contrapôs, em pleno diálogo desejando dar lição de moral.

‒ Também queria ter o poder de faltar nesse baile imbecil ‒ disse sem papas na língua. Não era de hoje que não queria comparecer em mais uma confraternização dos Yun.

O ambiente exalava a cheques de mais de três zeros no final, ternos passados, champanhe borbulhante e, claro, relógios polidos.

Cora detestava fazer parte da torre de marfim deles. A sociedade não precisava de mais um encontro entre classes superiores para mostrar, o quão pequeno, e irrelevante é a população, em meio a todo esse poder.

Cora sobresaltou, praticamente voando quando um baque forte fez com que suas pernas escorregassem.

Sua bunda encontrou o chão em uma aterrissagem nem um pouco agradável. Para completar, arranhara a pele no brilho pinicante do vestido.

‒ Merda de moda nem um pouco prática ‒ praguejou, mal se levantando quando um estrondo ressoou pelo cômodo ‒ Calma! Mamãe e papai estão lá em baixo!

Cora lembrou, sendo sua única segurança naquele instante. A carta na manga foi usada e posta na mesa.

Christa disparou o olhar avelã diretamente no rosto da mais nova, lançando lasers imaginários e esquentando a face de uma Cora assustada.

Aquele sapato vermelho [✔] - ATUALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora