NA CERIMÔNIA DE JUNNI
Percorria cada prédio que passara, acompanhando os feixes de luz e a forma quase mágica que o Sol da tarde refletia no vidro de cada um deles.
A sensação de conforto acalmou o redemoinho em seu estômago.
Não sabia explicar o mal estar, somente sabia que, assim que saíram, foi atingida por um súbito enjôo. Era fundo e não do tipo que saia quando parasse para respirar.
Era persistente o suficiente e apenas sairia acompanhado do vomito.
‒ O que tanto pensa? ‒ a voz serena de Christa a acordou de seus pensamentos. A irmã levantara, ficando ao seu lado sem esperar a próxima parada ‒ Parece que viu um famoso na rua e está decidindo se vai pular do carro ou não.
Cora tornou o rosto para a mais velha, esquecendo a paisagem por um momento. A frase de Christa a obrigou a rir, leve e com uma pontada de alívio por tê-la ao seu lado.
Além de ser a pessoa com a aura mais positiva e contagiante que conhece, perdera o enjôo há ruas atrás.
Vomitar na frente do seu irmão é dar motivo para ser zoado. Cora estava arrumada com um vestido que não daria nem para o seu pior inimigo experimentar ‒ fora a maquiagem de meia hora, mais ou menos, que Christa parou a Deus e o mundo para fazer.
Sujar com o molho pesto do almoço não era uma opção viável. Os restos vermelhos manchariam o tecido.
‒ Para sua sorte, nenhum famoso me tiraria de você ‒ esbarrou o ombro contra o dela, adotando o ar da menininha implicante que Christa conviveu na infância ‒ Pular de um carro em movimento por alguém é muito. Até para mim.
Christa assentiu, parecendo pensar um pouco.
‒ Tem razão, nenhum cara dos filmes românticos antigos que assisti teve esse tipo de atitude ‒ bateu as unhas brilhantes contra o lábio, tão brilhante quanto devido ao gloss.
‒ Embora estejam cegos pelo amor, ninguém deve ter dinheiro suficiente para cobrir os custos hospitalares ‒ disse, pensando que, se fosse um plano de saúde nessa situação, mandaria o cara pastar e procurar outro lugar.
Nenhuma garota gostaria que alguém quase morresse em seu nome.
Além da idéia, soar um tanto suicida conseguia ser pior do que as disputas medievais ‒ o típico quem ganha fica com a mocinha.
‒ Mas você não errou quando cogitou que eu pularia. Só errou no quem ‒ pontuou, balançando a cabeça e deixando as mechas sedosas escorrerem pelos seus ombros.
‒ Quem? Quem pularia? ‒ comprimiu o olhar, buscava desvendar o que queria dizer com aquilo.
‒ Por quem. Pularia por mim ‒ corrigiu, deixando as costas sentirem o conforto de um bom banco de couro ‒ Nenhum riquinho, proletariado, cantor, dançarino, palhaço ou qualquer outro que seja, merece uma prova de amor dessas.
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Aquele sapato vermelho [✔] - ATUALIZADA
Novela JuvenilCora tem grandes problemas, mas Seung Ho, definitivamente, não merece ficar entre eles. O que mais a frustra não é a atração inexplicável pelo amigo, mas sim a maneira como sua irmã desperdiça a vida correndo atrás de homens que não prestam. Ela não...