Eu quero você

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‒ Melhor não! ‒ disparou um tantinho mais alto do que pretendia. Não era sua culpa, afinal, como esperavam que reagisse após uma invasão durante sua disputa contra si mesma e o couriço da calça? ‒ Essas coisas foram projetadas para uma pessoa por cabine. Essa é a regra.

Seung manteve o semblante impassível, as sobrancelhas retesadas e os olhos fixos sob sua face, analisando.

Com dificuldade, ela engoliu. Sob o olhar escuro e intenso um simples movimento tornava-se uma cambalhota bem elaborada.

Isso significa que, caso errasse a posição, o movimento, o ângulo e ainda tivesse efeito do evento, as chances de cair de costas ‒ ou de cara ‒ no chão, existiam.

‒ Não fui eu que projetei. Os arquitetos estão longe de meu controle ‒ ergueu as mãos na altura da cabeça, sentindo o espaço diminuir a medida que os segundos passam e ele a encara ‒ Quer ouvir desculpas pelo que aconteceu? Eu peço se você sair logo daqui...

Antes que conseguisse terminar, seu corpo foi empurrado para trás, mesmo com alguns centímetros de diferença, não esperava por essa e, levada pela surpresa, tornou-se fácil tirá-la do lugar.

As costas se chocaram contra a parede, remexendo a estrutura do cubículo de foram assustadora. Uma cabine conseguiria desmoronar com o que Seung pretendia fazer?

O questionamento surgiu na cabeça de Cora, mas dissipou-se em um branco nada assim que notou os braços do rapaz a cercarem.

Sem perceber, estava encolhida. Mal transparecia o homem arrogante e irritante de dias atrás. Sua pose estava perdida, tudo por culpa dele.

Ficou entre a parede branca frágil e o rapaz com um semblante nem um pouco amigável. Parecia querer devorá-la.

Cora reconhecia que não restava muito tempo para conseguir o que queria. Havia encurralado a sua presa e, em uma inversão súbita de papéis, o urso virou a caça.

‒ Desculpas? Sinto informar, mas desculpas não é o que eu quero agora. Cansei de ser o melhor amigo bonzinho, apenas mais um integrante da família ‒ soltou uma fraca risada anasalada. O olhar marrom ganhou um brilho distinto, não demorando muito para um sorrir travesso crescer em seus lábios ‒ Só você pode me dar o que eu quero. E não, não é um pedido estúpido de desculpas ou qualquer coisa sobre o que aconteceu.

Pronunciou as palavras sem desgrudar os olhos dos dela, mantendo-a refém do contato visual. Estava exposta, quase no mesmo nível de quando usava apenas uma coberta para cobri sua nudez.

Mentalizava um buraco no chão para que pudesse pular e sair daquela situação angustiante. A sensação de vulnerabilidade não era uma das suas favoritas.

Como se não pudesse piorar, Seung decide inclinar sua cabeça a frente, beirando a boca contra o lóbulo da orelha. O respirar quente gerou um caminho de arrepios.

‒ Eu quero você ‒ sussurrou em um tom rouco, transbordando desejo. A deixou atordoada, como um soco no estômago.

A diferença era que, nenhum golpe, poderia ser tão prazeroso.

‒ E não adianta dizer que não me quer também. Porque sei que você, tanto quanto eu, sempre quis isso ‒ depositou um selar, aproveitando a oportunidade e mordiscando a cartilagem sensível.

Era verdade. Não mentiu quando usou aquelas palavras, mas talvez tenha sido pelo fato de ser verdade, que levou Cora a ter um choque de realidade.

Eles estavam em uma cabine, em um ambiente público, podendo ser pego a qualquer momento. A idéia era absurdamente excitante ‒ e não sabia dizer ao certo o porque.

Aquele sapato vermelho [✔] - ATUALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora