Capítulo VIII

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Acordei com meu telefone tocando e a claridade da janela incomodando os meus olhos.

Cora dormia em meu peito agarrada com sua perna em cima de mim. Era uma sensação boa, que me causava sentimentos diferentes. Era muito bom acordar com ela nos meus braços.

Acho que a última coisa que sou desse mundo é um cara romântico. Nunca agi assim com as garotas que já fiquei e isso fazia eu me sentir muito esquisito. Cora me fazia agir de maneiras que eu nem sabia que podia agir. Era estranho, a conheço há poucos dias mas ela tem um efeito sobre mim inexplicável. Eu jamais dormiria com uma garota se não fôssemos trepar, mas isso nem importou essa noite... o fato de ter a presença dela já bastava para mim. Eu mal pensava em outras mulheres, não dormi com ninguém desde que vi Cora pela primeira vez e esse é o meu maior recorde. 

Que porra tá rolando comigo?


Recuso a chamada vendo que era Bill e respondo sua mensagem dizendo que já vamos começar a nos arrumar para sair.

— Ei. — Balanço Cora delicadamente para que ela acorde. — Bill disse para gente se aprontar.

— Hmm... — Ela geme manhosa. — Parece ser tão cedo.

— Não tanto. — Respondo. — Vamos, preciso passar no hotel para tomar um banho e trocar de roupa.

— Está bem. — Cora se senta na cama e se espreguiça.  — Vou ir tomar banho e me trocar.

...

Já perto do hotel, meu irmão havia dito que ainda tinham alguns paparazzis, mas já tínhamos combinado de que Cora entraria sozinha na frente e eu estacionaria o carro enquanto isso para chamar a atenção para mim.

Cora abaixou o espelho do banco do carona para tentar arrumar mais meios de se disfarçar.

— Ninguém vai perceber, relaxa. — Digo tirando minhas chaves do bolso. — Aqui, é do meu quarto. Você vai na frente e eu enrolo tempo o suficiente para você subir. O número do quarto está no chaveiro.

— Tem certeza que isso vai dar certo? — Cora morde o lábio preocupada. — Não tô tão confiante.

— Vai dar certo, mami.

— Mami? — Ela pergunta rindo.

— É a única palavra que sei em espanhol. — Rio de volta.

— Idiota. — Ela abre a porta do carro. — Então eu tô indo. — Ela descia do veículo nitidamente nervosa.

Eu tinha uma visão não muito clara do hotel, mas dava para ver a entrada de onde eu estava estacionado.

Cora caminhava não muito rápido, para evitar olhares. Liguei o carro e abaixei os vidros, dirigindo até perto dos paparazzis que logo focaram a atenção em mim assim que me viram. Estacionei o carro e assim que abri a porta para descer, já tinham milhares de câmeras e microfones apontados para mim.

Fechei a porta e olhei para entrada do hotel, vendo Cora olhar para mim apreensiva. Tentei não esboçar nenhuma reação e ela entrou antes que alguém prestasse atenção nela.

— Kaulitz, o que tem a dizer sobre a polêmica de ontem? — Uma mulher aponta o microfone para mim. — A garota é sua namorada?

— Ela é uma amiga, só isso. — Respondo enquanto vou caminhando.

— E o paparazzi realmente machucou ela? — Outra pessoa pergunta.

— Machucou. — Digo. — Se me dão licença, tenho um compromisso.

Eles continuam gritando e fazendo baderna enquanto eu caminho até o elevador. Os seguranças da banda barram todos e eu finalmente respiro aliviado.

Aperto o botão no andar que todos estavam hospedados e quando o elevador abre, vou até meu quarto que estava com a porta aberta. Lá, Cora e Bill conversavam e por incrível que pareça, riam bastante. Ela estava linda, como sempre. Não usava maquiagem e nem estava tão arrumada, mas Cora não precisava disso para ser gata para caralho.

— Tá olhando o que? — Bill pergunta.

— A cara feia de vocês dois. — Respondo. — Deu tudo certo lá embaixo. Não falei muito, mas só me perguntaram se realmente bati no paparazzi e tal.

— Que bom. — Cora diz aliviada. — Como vamos fazer para sair daqui? 

— Ah, fique tranquila. — Bill dá um sorriso. — Por conta disso tudo que aconteceu, pedi para o estilista vir aqui no hotel, então podemos ficar em paz. Ele já deve estar chegando.

— É melhor mesmo. — Digo enquanto tiro meus tênis.

— Ei gente, o Matteo chegou. — Gustav aparece na porta. — E aí, Cora!

— Oi! — A morena sorri.

— É o estilista. — Meu irmão diz para Cora. — Pode ir na frente, preciso falar com o Tom.

Ela faz que sim com a cabeça e então vai até Gustav, sumindo com ele no corredor. 

— O que foi fazer na casa dela ontem? — Bill pergunta indignado.

— Só fui entregar a bolsa dela.

— A gente ia entregar hoje, Tom.

— Ainda bem que eu fui, beleza? — Me sento ao lado dele. — Ela tá atolada de contas para pagar e tava indo trabalhar a madrugada toda na boate. Cora iria voltar sozinha para casa e essa ideia não me agrada... eu sabia que ela ia pegar outro turno de trabalho.

— E ela desistiu de ir?

— Eu dei dinheiro para ela. De início, ela não queria, mas eu falei que era um adiantamento da banda. — Respondo. — Então se ela te perguntar, já sabe o que responder.

— Por que está tão preocupado com ela? — Bill me olha confuso. — Você não é assim com nenhuma mulher.

— Eu também gostaria de saber. — Respiro fundo. — A Cora me faz agir de maneiras que eu nem sei explicar...

— Tom, se estiver brincando com ela, é melhor parar. Cora não parece ser desse tipo e se você pretende só transar como faz com todas, deixe ela em paz. Pelo bem dela e da banda também.

— Bill, não é isso. — Tento me explicar. — Eu só... eu só sinto uma vontade inexplicável de estar perto dela o tempo inteiro. A gente não transou ontem.

— Conta outra.

— Ela é virgem.

— Ah...

— E mesmo sem transar, eu queria ficar perto, entende? Ela tem algo diferente que faz com que eu pense e aja diferente...

— Você realmente tá diferente. — Meu irmão revira os olhos. — Mas essa seria a maior novidade de todos os tempos.

— Eu não comi ninguém depois de conhecê-la.

— Tá. — Bill fica perplexo. — Agora eu acredito.

— Viu? — Pergunto indignado. — Não sei o que tá rolando. Eu tô quase explodindo de tesão e mesmo assim não consigo mandar mensagem para alguma garota e resolver o problema.

— Você está apaixonado, irmãozinho.

— Nem fodendo! Nem brinca com uma coisa dessas. — Fico nervoso só de imaginar.

— Claro que está! Não é possível que esteja tão cego!

— Eu a conheço só há alguns dias, isso é impossível.

— Amor a primeira vista. — Bill me empurra de leve.

— Já falei várias vezes que não acredito nessa merda.

— Não acredita mesmo vendo acontecer? Por que acha que gosta tanto de estar perto dela desse jeito? Aceita, Tom.

Mas que porra, não posso estar apaixonado!

Na melodia dos corpos - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora