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Continuação...

                           Ana luz

Ele se afastou abruptamente de mim e caminhou até a cama logo se sentando, passou fortemente as duas mãos no rosto de maneira forte como se tentasse se acalmar de alguma forma, em seguida me encarou com o rosto sério.

— Não vou te obrigar a transar comigo, eu não sou um estuprador!— ele parecia realmente chateado com a insinuação/lembrança, parecia novamente falar isso pra ele mesmo — eu cometi um erro sim, passei dos limites e você não tem ideia de como é pra mim admitir isso agora pra você, eu nunca tentei me desculpar por nada com ninguém, então pelo menos para de me estressar ainda mais, para de me contrariar, ninguém nunca fez isso e não vou deixar você ser a primeira

Saí da sacada, caminhei até a cama e calmamente sentei ao seu lado, novamente sentia que era uma hora perfeita pra tentar conversar um pouquinho mais com ele, fazer com que me fale a verdade e o que sente, talvez até possa convencê-lo a me deixar em paz, numa boa.

— Na verdade você não me pediu desculpas, só tentou me comprar— sei que não tô falando o que ele quer ouvir mas preciso ser sincera enquanto posso— teria sido melhor se tivesse pedido desculpas...

— Não vai acontecer, não sou assim, eu não peço desculpas.— ele parecia uma criança falando, uma bem birrenta.

— A vida é assim, quando a gente erra, a gente precisa pedir desculpa— corrigindo, ele parecia uma criancinha birrenta ouvindo de um adulto como funciona as boas maneiras, uma regra básica para se viver mínimante bem em sociedade: saber pedir desculpas.— você entende quando eu digo que seria melhor se estivesse pedido desculpas?

— Não!?— ele olhava pro chão, as pernas abertas e as mãos no meio delas que não paravam de mexer nem por um segundo, deixando claro que ele era ansioso.

— Eu não tentaria me afastar ainda mais, eu não iria sentir tanto ódio de você...— eu iria fazer uma jogada arriscada— mas o jeito que você me trata, faz com que eu sinta ainda mais raiva, entende?

— Tá querendo dizer que se eu tivesse te pedido desculpas aquele dia, ao invés de te oferecer um cartão de crédito, que só pra constar, não tinha limites, você iria gostar mais e talvez terminariamos aquela noite transando?— ele apoiou os braços na cama e se inclinou pra trás ficando mais relaxado, olhou pra mim e eu pude notar o sorrisinho safado e de deboche no canto da sua boca enquanto falava, e eu só me perguntava como ele conseguia pensar só em sexo?

— Não é exatamente o que eu quero dizer mas se você tá levando pra esse lado, então digamos que sim.—  é tão estranho estar falando tão abertamente com ele.

— Eu já pago você pra transar comigo— é sério, desisto desse macho— como queria que eu te oferecesse algo diferente de dinheiro? Hipocrisia comigo não rola, todo mundo gosta de dinheiro e você não é diferente, inclusive só está aqui por dinheiro.

— Então só pra você entender, digamos que estaríamos transando muito mais se você não tentasse me chamar o tempo todo de puta e interesseira!—  ele era insuportável.

— E o que exatamente você é hein?— ele sabia que as palavras me maltratavam, e também sabia que não estava certo.

— Já disse antes pra você que não sou puta, se eu fosse exatamente o que você fica dizendo, nem estaria aqui, estaria dando pra você e pra mais um monte que a marisa conseguisse pra mim, eu poderia estar ganhando muito mais e aproveitando muito mais também— seu semblante mudou, de relaxado e debochado, passou pra tenso e irritado.— e antes que fique bravo pelo que estou falando, entende que é você que me provoca, eu só tento me defender das suas ofensas, e essa é a verdade, você não foi o único cara que apareceu interessado em mim, não esquece disso!

Aqueles olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora