Ana Luz
Segunda-feira, 17:33
— Digo e repito, por mim a gente vai em uma delegacia amanhã mesmo e você denuncia ele por estar te perseguindo, isso não pode continuar Ana!— ouvia atentamente as palavras carregadas de indignação de Gabriela.
Estava sentada na minha cama enquanto terminava de anotar o que já tinha comprado e o que faltava da receita da minha tia, eu precisava ter muita atenção com as medicações.
Olhei a postura de Gabriela, que estava de pé com as mãos na cintura me olhando perplexa, talvez pela calmaria que eu estava aparentando.
— Shiu, fala baixo, não esquece que a titia já está aqui do lado.— adverti.
Gabi me ajudou hoje de manhã, nós fomos buscar minha tia. Assim que tive a certeza que ela tinha finalmente recebido alta depois da cirurgia.
Conversei com ela sem entrar em detalhes e ela segurou a curiosidade enquanto estávamos na presença da minha tia mas agora que estávamos a sós em casa, após já termos matado um pouco da saudade da minha tia, que agora já estava descansando em seu quarto, enquanto as crianças estavam na sala brincando, Gabi me bombardeou com perguntas sobre a noite passada.
— Pois é, tia Elena está aqui, já parou pra pensar que não tem como isso continuar assim, não tem como esconder isso dela!— seu tom era baixo, respeitando meu pedido.
—Eu já sei Gabriela. Acha que eu gosto disso? Acha que eu quero?— eu estava um pouco irritada mas controlei meu tom, não queria e nem podia soar ignorante com a minha melhor amiga. Quando tudo o que estava sentindo e demonstrando era preocupação, quando tudo o que ela queria era me proteger.
— Sei que não mas eu tô confusa, parece que você tá me escondendo algo, é como se ele já estivesse te dominando totalmente. Desde que você ficou com ele está diferente, ele já te mudou Ana Luz.— estava mexendo no papel em minhas mãos enquanto prestava atenção nas suas palavras. Suspirei profundamente, eu estava tão cansada.
Eu simplesmente não podia contar tudo pra ela, eu temia pelas reações, preferia passar por tudo sozinha, a colocar outras pessoas nos meus problemas assim.
A verdade é que ela já tinha percebido o quão difícil ele é. O quão poderoso e até perigoso ele era. Mas ainda assim não sabe de todas as ameaças que ele já me fez, também não sabe do quão agressivo ele pode ser.
— Não estou escondendo nada, você já sabe, ele é alguém importante demais e é muito difícil de lidar, é complicado... temos um acordo, ele parece nunca está satisfeito mas vou conversar com a Marisa e...
— Caralho, acorda Ana! Ela não vai ajudar em nada, olha pra tudo isso, o cara te achou em uma balada, foi até lá e te levou embora, o filho da puta basicamente te sequestrou, isso é um trabalho pra polícia cuidar!— ela estava vermelha de raiva, eu sabia muito bem que ela tinha razão.
— Eu sei disso Gabi, só tô um pouco assustada demais e... tudo bem, vou pensar sobre ir até a delegacia, é que...
— O que?— ela me interrompeu— Tem a questão do dinheiro e eu entendo, tem uma espécie de acordo também mas eu nunca vi esses lances acontecendo com as outras meninas, sempre tem um cara ou outro que passa dos limites mas nunca deixaram acontecer nada, a Marisa e os outros funcionários lá intervêm rapidamente! Mas com seu caso ninguém faz nada cara, eu tô muito angustiada com isso.
— Eu sei amiga, me desculpa é só que... eu também não sei o que fazer.
— Ana para com isso, você não me deve desculpas, não é disso que eu tô falando, só que essa história com esse cara tá muito estranha.— ela se aproximou de mim, estávamos sentadas na minha cama— e... me frustra porque você acaba deixando ele fazer o que quer...— Gabriela estava tentando ter cuidado com as palavras, falando com mais calma e pausadamente, parecia não querer me magoar— Não mente pra mim ok? Promete?— a olhei profundamente, pensando no que ela poderia perguntar.— Promete?
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Aqueles olhos
Genç KurguQuando os olhos de Arthur Ferrari um jovem milionário, encontram os de Ana Luz uma menina mulher de coração puro, ele a quis para sí. Inicialmente para ele, não passava de desejo carnal mas depois dos primeiros contatos não queria mais deixa-lá. Já...