40°

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Ana Luz

Eu olhava para o homem que parecia ter uns sessenta anos com a mesma curiosidade que ele também devolvia o olhar mas vi em seus olhos a malícia por me ver nesse estado, já sentia minhas bochechas vermelhas por tudo que aconteceu mas elas ficaram ainda mais ao ver o sorriso do homem. Alguns homens aparentemente seguranças, apareceram e olhavam assustados para a situação, todos olhavam pra mim, me fazendo tremer de nervoso, eu era uma mulher sozinha com tantos homens que tinham um olhar estranho me analisando por completo.

Por mais que esse momento tenha parecido uma eternidade, na verdade foi tudo muito rápido, logo Arthur estava na minha frente, impedindo que todos aqueles olhares chegassem até mim.

— Mas que porra é essa?— perguntou em tom carregado de indignação e raiva.

— O que foi? Eu acabei de chegar na minha casa, queria que os meus seguranças proibissem a minha entrada?— o homem falou com deboche e eu podia notar o tom prepotente cada vez que as palavras meu e minha saiam de seus lábios, prepotência essa que soava familiar até demais pra mim.

O Arthur me cobria por inteira mas não consegui me segurar e me inclinei levemente para conseguir ver o homem de novo, analisei um pouco e percebi a  semelhança entre eles, o sorriso presunçoso no rosto, a maneira que fala e até a postura me lembravam muito o Arthur, provavelmente eu estava diante de pai e filho.

— Saiam daqui agora!— Arthur se dirigiu aos seguranças, que tiveram apenas um segundo de confusão mental mas logo saíram tão rápido quanto entraram.

Avistei a blusa que estava em cima da cadeira, não muito longe de mim. Tentei me afastar para pegar mas mesmo de costas ele me manteve no lugar.

— Fica quieta porra— apenas paralisei.— E caralho, dá pra esperar a gente lá dentro ou tá difícil?— ele falava com raiva e não media as palavras com o homem, logo descartei o pensamento que estava tendo sobre ser seu pai, um filho nunca falaria daquele jeito com um pai, não é!?

Ouvi a risada anasalada e observei ele dar com os ombros em seguida se virou pra sair, quando ele desapareceu do nosso campo de visão, o Arthur finalmente se virou pra mim, ele tava muito irritado, sua feição e músculos tensos deixavam claro e embora eu estivesse assustada e nervosa pelo que aconteceu, ainda foi engraçado ver alguém que mandava mais que ele.

— Tá achando graça de que?— mesmo que eu não tivesse rindo realmente, acho que ele percebeu o divertimento no meu rosto e me olhou com mais raiva ainda— Gostou disso caralho?

— De que? Você é que falou pra eu tirar, eu disse que alguém poderia aparecer...— fiz pouco caso, quem ele pensa que eu sou? eu odiei me sentir um pedaço de carne na frente daquele tanto de homens.

— Vou demitir todos esses imprestaveis— parecia lembrar— malditos corajosos.

— Por que? Eles não tiveram culpa né— citei a verdade.

— Eles olharam, vi muito bem— era verdade, todos olharam mas eu acho que foi algo natural, eles pareciam mais assustados do que tarados pra mim.

— Eles mal me olharam, estavam preocupados é com o homem que entrou— menti e reprimi a pergunta que queria sair dos meus lábios sobre quem era o cara.

— Calada, só coloca essa porra de camisa e sobe direto pro quarto.— mas que porra, eu não fiz nada, por que ele tava me tratando mal agora?—  E presta atenção, não fala com ele, não olha pra ele e muito menos deixa ele chegar perto.— seus comandos me assustavam, quem era ele afinal?— E passa longe de qualquer um desses seguranças de merda.

Aqueles olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora