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                        Ana Luz  
                                      Domingo, 10:34

—  Eu preciso, realmente, ir pra casa Gabriela— disse mais decidida, a noite ontem tinha sido cansativa, mas ainda assim eu acordei cedo, super ansiosa, para ir ao banco amanhã, eu queria tirar esse enorme peso do risco de perder a casa, pelo menos, temporariamente.

— Ai, tá bom, coisa chata— disse resmungando e indo para o seu quarto.

Acabei dormindo da casa da Gabriela mesmo, acordei umas 8 horas da manhã,  mas como era cedo demais, e nós tínhamos chegado muito tarde, fiquei muito indecisa em acordar a Gabi e optei por esperar mais um momento, depois de uma hora mais ou menos eu a acordei avisando que já iria embora, ela por sua vez, não concordou e disse que me levaria em casa, mas só depois de tomarmos café. Mas aqui estávamos nós, já terminei de tomar café a mais de uma hora e a Gabi continuava enrolando, pra tomar banho e me levar e também não me deixava chamar um taxi. Eu estava sentada na mesa onde tomamos café da manhã, a casa era bonita, bem decorada e muito aconchegante, não vi o pai dela até agora, na verdade achava que ele não estava em casa.

Na minha realidade eu achava quase impossível conseguir todo o dinheiro de volta em tão pouco tempo mas de fato já não me importava com isso, pensei muito em toda a minha situação e percebi que a minha família sempre vai vir em primeiro lugar, então eu não devo me importar com o que eu tenha que fazer, se é para o bem deles, eu vou me prostituir e não vou me abalar ou achar que a minha vida acabou por esse fato, eu tenho sonhos que quero muito realizar, mas a prioridade da minha vida não sou eu.

Medicina, era o que eu queria fazer, mais precisamente, eu gostaria de ser pediatra, eu me apaixonei por essa profissão quando ainda era uma criança, e essa paixão e vontade só vem crescendo dentro de mim, especialmente depois da morte da minha mãe, quando o meu irmão ficou doente e a maioria dos sintomas era psicológico mas rendeu muitas idas ao hospital e eu acabei tendo um contato mais direto com a profissão.

— Prontinho.— Gabi apareceu já arrumada em com um shortinho  simples e blusa, ou ela foi bem rápida, ou eu fiquei um bom tempo inerte perdida em pensamentos, ela caminhou até uma mesinha na sala de estar e pegou a chave do seu carro, em seguida de virou na minha direção — ah, deixa eu te falar um negocio antes da gente ir. A Marisa me mandou mensagem depois que a gente saiu de lá, mas eu só vi agora.

— O que foi? Deu algo errado?

— Não, calma.— disse quando percebeu que eu já estava ficando nervosa— Ela só disse que você tem que se arrumar e ir lá hoje, e no próximo final de semana também, vai ter que ficar lá em cima, porque se tiver que fazer, vai ter que ser rápido então os homens vão te ver e tals— ela disse calma, eu suspirei, isso seria tão constrangedor.

— Tá bem, você vai estar lá né?— ela assentiu.

— Sim, não vou poder te dar tanta atenção por causa do trabalho, mas eu vou estar lá e tentar ficar  o máximo de tempo com você— Começamos a sair da casa dela em direção a garagem— Amiga, aproveita e fala logo pra Marisa, que você é virgem.

—Eu não, vai que ela queira cancelar tudo por isso, porque eu sou inexperiente— Sim, eu tinha 19 anos e era virgem, e nem eu entendia o porquê desse fato.

— Pois eu acho que isso não tem nada a ver, pelo contrário, acho realmente que te beneficiaria, você nunca ouviu falar em venda de virgindade? — disse depois de abrir a garagem, entramos no carro e Gabi deu partida, em seguida fechando o portão novamente.

— Sim né, mas eu não sei como funcionam essas coisas, nem sei se rola isso lá, vai que lá é pra mulheres mais experientes, entende, pra satisfazer aqueles homens importantes, você mesma me disse que lá é prostituição de luxo, acho que esse lance de leiloar virgindade, deve ser em outro tipo de lugar.

Aqueles olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora