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                           Ana Luz
                                        
                                      Domingo, 07:22

Tá bom Mariano, muito obrigada— guardei o celular no bolso.

— Ela é uma boa garota e responsável, tem a minha palavra— assenti me despedindo em seguida, arrumando a sacola da padaria na mão e seguindo de volta pra casa.

Estava louca atrás de alguém pra ficar com as crianças hoje a noite pois teria que ir pra Luxus, o que me abalou de certa forma pois achei que teria mais tempo, nós basicamente ficamos ontem. Ele parecia bastante ansioso pra me ver, então isso significa que ele gostou, né?! Eu estranhamente gostava desse fato, que raiva, porque ele tinha que ser tão bonito? Meu corpo esquenta sempre que lembro da nossa noite e eu quero bater em mim mesma por isso.

Desde ontem a noite quando a Marisa me ligou avisando eu já comecei a ver se alguém de confiança poderia ficar com as crianças, não tinha encontrado ninguém até vir a padaria e explicar a situação pro Mariano, um funcionário daqui, por quem eu particularmente tenho um grande carinho, ele é um bom homem e me conhece há muito tempo. Ele me indicou sua sobrinha para o trabalho e ela pareceu ser a pessoa perfeita, já tinha avistado ela por aqui e de vista me passou uma boa impressão, mas eu ainda tinha que analisar as coisas.

— Enzo? Beatriz?— os chamei assim que passei pela porta de casa e ambos surgiram no meu campo de visão já arrumados, Enzo estava com uma cara péssima, provavelmente pelo horário que eu tive que acorda-lo.— Vem, vamos tomar café rapidinho, a gente já já tem que ir.

Hoje eu teria que ir conversar com o médico da minha tia e teria que levá-los comigo, eu realmente não queria ter que expor eles a um ambiente hospitalar, mas eu não tinha saída, não havia absolutamente ninguém pra ficar com eles agora.

(...)

— Sim, eu prefiro, muito obrigada— sorri na direção da enfermeira, ela propôs que eu ficasse na recepção, em um canto mais afastado por causa das crianças.

— Eu vou indo pra avisar que você está aqui e daqui a pouco ele vem.— disse já se afastando e eu segui com os meninos para o lugar que ela tinha me apontado, e lá nos sentamos para esperar.

Demorou cerca de uns 25 minutos até que eu visse um medico vindo em minha direção, ele era charmoso, deveria estar na faixa dos 30 anos, totalmente diferente do antigo médico. Levantei da cadeira para recebê-lo e estendi a mão em um cumprimento com um leve aperto.

— Olá, Ana não é?— concordei— me chamo Carlos— respondi um breve "prazer"— quem são essas crianças lindas?— apontou para elas, que nos encaravam.

— São meus irmãos.

— O que você acha de deixar eles sentadinhos aí um minutinho enquanto a gente conversa aqui na frente mesmo?

—Tá bem. Eu já volto, fiquem aí, vocês conseguem me enxergar pelo vidro, qualquer coisa é só ir lá, e Enzo, se comporta— dito isso eu segui para fora do hospital com o médico.

— O que aconteceu doutor? Eu tô muito preocupada— disse quando paramos em um canto mais afastado da porta, para não atrapalhar a entrada e saída das pessoas.

— Primeiramente me chame só de Carlos, tá bem?!— confirmei e dei um meio sorriso pro seu jeito simpático— eu te chamei pois queria te explicar algumas coisas— mesmo com o corpo aparentemente relaxado, com as mãos nos bolsos e postura ereta, seu rosto não escondia a feição de preocupado— sua tia tem melhorado sim, mas a probabilidade de ser algo duradouro é mínima, bom, pelo menos não sem uma intervenção cirúrgica.— disse direto.

Aqueles olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora