22°

2.9K 189 30
                                    

Continuação...

Ana Luz
                       
                           16:28

Respondi sua mensagem, perguntando se não poderia ser aqui perto do hospital, menti falando que tinha que acompanhar minha tia em um exame para a cirurgia, ela realmente faria um exame agora mas não precisava de acompanhante, por isso já estava indo pra casa.

Ele concordou e quase dei pulos de alegria, nos encontraríamos em local público, não iria ter que fazer nada que eu não quisesse, a última noite não tinha sido legal mas eu não queria nem pensar muito nisso, percebi que realmente estava me fazendo mal, porque nem eu mesma entendi o que realmente aconteceu.

Estava caminhando até um café muito bonito e chique que ele escolheu e que ficava a três quarteirões do hospital, assim que passei pela porta observei melhor o ambiente realmente lindo, tinham muitas pessoas, todas super arrumadas e aparentemente ricas, vi o olhar de algumas pessoas em mim, tentei ao máximo não me importar, talvez na cabeça deles se passava que eu não tinha poder aquisitivo pra estar nesse lugar. Acho que rico conhece rico, eu não estava super arrumada e nem com coisas caras mas a verdade é que sempre fui classe média baixa e/ou pobre, mas eu sempre me esforcei pra me vestir bem e me cuidar, isso era algo que a minha mãe sempre me incentivava e ela se virava muito pra me dar tudo que eu precisava ou até mais.

Pedi uma mesa ao garçom, que ao meu ver me tratou até bem, na verdade, assim como tinham essas pessoas me olhando meio torto, tinham outras que nem me notaram direito, para essas eu era apenas mais uma cliente normal, ou seja, a soberba, o nariz em pé e a mal educação não era necessariamente sobre ter dinheiro mas sim sobre o caráter de cada um, embora normalmente gente rica tenha esses defeitos bem aparentes.

— Obrigado!— disse ao sentar na mesa e ele tinha até arredado e segurado a cadeira pra mim o que me fez sorrir, nunca na vida eu tinha nem visto esse ato, pra mim era coisa de filme, minhas bochechas coraram— Não precisava disso moço, obrigado novamente.

— Fiz questão— ele sorriu também, era daquelas pessoas com sorriso cativante— a senhorita vai querer o que?— segurou um bloco pra anotar e me deu um cardápio eletrônico que eu recusei, antes ficando passada, o cardápio realmente ficava em um tablet, sutilmente olhei em volta, vendo que em todas as outras mesas tinha um.

— Por enquanto só um suco de maracujá, tem?— ele assentiu e se despediu falando que já já iria trazer e eu apenas concordei com a cabeça, mentalmente orei para que um suco não custasse mais que 50 reais, era tudo que eu tinha na bolsa e olhando pra tudo aqui, eu não acho tão impossível ser muito caro mesmo.

Poucos minutos depois ele voltou com o suco em mãos colocou na mesa e uma espécie de cartão também, acredito que seja para a hora de pagar.

— Obrigado.

— De nada, se a senhorita quiser mais alguma coisa é só me chamar.

— Tá bem— sorri novamente em sua direção, eu amo pessoas educadas, juro.

— Aproveite, se quiser gelo ou mais açúcar, eu pego pra você.

— Você é muito educado, muito obrigado novamente...

Olhei um pouco para o lado depois de sentir um olhar e vi Arthur vindo até mim, me perdi um pouco no meu próprio pensamento ao perceber que nunca tinha visto ele assim e de dia, ele usava uma calça social preta e uma camisa da mesma cor que estava meio pra dentro na calça deixando aparecer o cinto também preto, ele estava com um óculos de sol engatado na camisa, acho que tirou do rosto tem pouco tempo, ele estava lindo, ele é lindo realmente, sem esforço nenhum.

Aqueles olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora