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Ana Luz

Depois de um bom tempo na cozinha, comendo o que tinha vontade, decidi finalmente seguir em direção a sala, lá encontrei apenas João, o que eu gostei.

— Oi?— ele finalmente percebeu minha presença e tirou os olhos do celular, me observou e em seguida se ajeitou no sofá.

— Oi.— ele parecia ser realmente uma boa pessoa, mas eu não entendia o porque de sempre obedecer e apoiar o Arthur, quando claramente ele está errado.

— Preciso da sua ajuda!— caminhei até sentar ao seu lado, ele recuou um pouquinho pra se afastar levemente, arqueei as sobrancelhas mas não disse nada, percebendo que ele esperava que continuasse falando, apenas prossegui.— preciso que me empreste o celular, preciso falar com a Gabi...

— Já falei com ela, fica tranquila.— ele agia como se fosse simples, como se a situação inteira não fosse super louca.

— O que disse pra ela? Você não conhece a Gabriela, ela vai fazer algo, não vai ficar parada esperando, ela não vai descansar até ver que estou bem.

— Disse que você estava aqui e que estava tudo bem...

— E ela simplesmente aceitou?— não pude reprimir meu tom de indignação, ela era minha melhor amiga, não funciona desse jeito. Então como assim eu sou basicamente sequestrada, um macho fala que estou bem e ela simplesmente acredita?

— Bom, ela não aceitou muito bem, não para de me ligar mas sei que está tudo sobre controle...

— Você não conhece ela, por favor, me empresta o celular.

Sem mais delongas ele pegou o aparelho, logo procurando pelo contato dela e me entregou já chamando, mesmo não querendo problemas, eu fiquei satisfeita de saber que ela estava preocupada comigo como achei que estaria.

— Você é um escroto! Eu quero falar com ela seu filho da puta.— ela atendeu já gritando, sorri do seu jeito.

— Oi Gabi— a ouvi suspirar em alívio do outro lado da linha, ouvi barulho de sirenes também e me assustei— onde você está? Tá tudo bem?

— Eu é que te pergunto, o que esse maluco fez com você, o que aconteceu Ana Luz?

— Eu estou bem, juro que vou contar tudo quando nos vermos. Que barulho de sirene é esse?

— Eu acabei de estacionar na frente da delegacia, iria denunciar seu desaparecimento, denunciar esse desgraçado que tá obcecado e perseguindo você e o amigo dele que é cúmplice! Eu juro Ana, se estiver me escondendo algo eu vou ficar muito chateada.

— Eu estou!— eu nunca fui uma amiga mentirosa, precisava ser sincera com ela— vou te contar tudo mas por enquanto fica tranquila, eu estou bem, desculpa te deixar tão preocupada.

— Você não tem culpa. Me fala onde está, vou te buscar, a gente vai conversar e vamos resolver isso juntas!

— Agora não dá Gabriela, estou na casa dele, estou resolvendo tudo aqui e vou pra casa mais tarde! Amanhã converso direitinho com você, eu prometo.

— Resolvendo como? Olha, não me diz que eu estava aqui surtando de preocupação e você estava de namorico com aquele sem noção.

— Não, não é isso, não aconteceu nada.

— Ele está sendo agressivo com você? Ele não te tocou sem seu consentimento né? Ele não...— sentia ela hesitante em falar e interrompi.

— Não, ele não é assim.— respirei fundo—  Está tudo bem. Vou desligar, preciso falar com a Maria, saber como meus irmãos estão, tá bom?

Aqueles olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora