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                      Arthur ferrari
                        
                                       Sexta-feira, 10:20

O que é caralho?— olhei irritado para o João na minha frente.

—É impressionante o quanto você fica o dia inteiro irritado só por ter que acordar de manhã— disse ainda sorrindo, me ajudando a procurar um documento na minha mesa

—Então para de me irritar ainda mais e me ajuda a achar essa porra, tu sabe que eu não funciono de manhã— se tem uma coisa que eu odeio, é que me acordem, ainda mais cedo como meu pai fez, ele me acordou 08:30, tem noção? Eu quase surtei, e tô a ponto de quebrar essa sala por não achar o documento que ele quer.

— Achei— João ergueu as folhas no ar, peguei com brutalidade de suas mãos— Calma aí caralho— o encarei, talvez eu seja um pouquinho estourado, inclusive já saímos na porrada algumas vezes, desviei o olhar dele e comecei a ler o documento em minhas mãos para ter certeza que era o que estava procurando, constatei que sim.

— Eu juro que se algum filho da puta estiver querendo passar a perna no meu pai, jogando a culpa em mim, eu vou acabar com a pessoa!— Eu não sabia o que estava acontecendo, mas pro meu pai me ligar pedindo um documento de um contrato que eu fechei, não era boa coisa.

—Ai, relaxa aí— o encarei— cara feia pra mim, é falta de sexo! Não tá tendo ninguém pra te aliviar não? aí quer ficar descontando em todo mundo...

— Quando foi que faltou alguém pra me aliviar? eu nunca fico sem sexo, tu sabe disso.

— Huum, pica de mel— ri, era estranho ser ele a estar descontraído, pois dos meus amigos ele era o mais sério.— vamos na Luxus hoje?— o olhei debochado— o que foi, tô querendo me divertir, esses tempos tem sido só trabalho.

— Quero saber melhor desse teu interesse todo em ir lá, eu é que tenho que te convencer a ir sempre— acho que ele tá interessado em alguém que trabalha lá— só espero que não esteja apaixonado por nenhuma das putas de lá, puta só serve pra uma coisa e tu sabe.

—Eu não tô e se estivesse, iria tirar ela de lá, simples— fiz cara de nojo— você é tão idiota...— balançou a cabeça em negação

— Deve ser nojento ficar dividindo prostituta, já pensou chupar onde todo mundo mete o pau?

—Eu não tô apaixonado por uma prostituta ok?!— quis cortar o assunto, mas eu sabia que mesmo não querendo, ele entendeu o que disse João gostava da linha politicamente correto, fazia o possível pra ser educado com todo mundo, era o mais sensível digamos assim, totalmente o contrario de mim.

—Então é em quem? soube que tu foi lá final de semana passado também—eu vou lá sempre, mas semana passada eu tive uma viagem importante, bom, eu achei que era, fui em Miami ver meu pai, que dizia ter um assunto importantíssimo pra tratar, chegando lá, era só mais uma madrasta que ele queria me apresentar, ela era bonita e pra variar tinha idade pra ser filha dele, eu chutaria uns trinta anos no máximo.

—Ué, eu não posso mais me divertir em uma boate?— o olhei entediado— tudo bem, tem uma menina que trabalha lá, ela é linda e totalmente sem filtro.

—Trabalha lá? de que?— lá não tinha muitos cargos pra mulher, sem ser a prostituição mascarada que tinha no lugar.

— Ela é garçonete, garçonete mesmo cara— ele finalmente sentou na cadeira a minha frente e deu um suspiro cansado— a garota parece me odiar.

—O que tu fez?

—Achei que ela era prostituta, como todas as outras cara— ri, me sentando relaxado na cadeira— não ri porra— não dava pra segurar, minha mente já imaginava a situação.

— Conta logo.

— Assim que bati os olhos nela, eu quis, aí fui atrás da Marisa, e o segurança disse que ela não estava, eu estranhei mas perguntei logo pra ele a respeito da garçonete— suspirou mais uma vez, que merda, o cara já estava apaixonado mesmo— ele disse que ela não estava disponível, eu fiquei intrigado e fui até ela, a principio ela foi educada e eu perguntei qual a chance da gente passar a noite junto, e ela sorriu mano, eu achei que estava tudo bem né— ele deu uma pausa pra olhar seu celular que vibrou no bolso— só que ela disse que não poderia, e eu falei que era pra ela me dizer o valor, ela não ficou brava aparentemente, e disse que não era prostituta e se afastou de mim, na real acho que o problema é que eu não deixei ela em paz, e insisti que eu pagaria qualquer valor, aí sim ela ficou puta, e sumiu, procurei bastante ela depois mas não encontrei.

— Cara o que deu em você? ela é tão gostosa assim?— ele assentiu fechando os olhos, parecendo lembrar— o teu mal é ser muito bonzinho, tem que pensar, só isso, pessoas como nós, tem tudo o que quer, sempre.

— Corrigindo, você tem tudo o que quer, ama jogar isso na cara das pessoas— é, ele tinha razão, eu amava mesmo— você não tem medo de ir pra cadeia pelas coisas que faz não?

— Não, felizmente pessoas como eu, não vão pra cadeia— eu realmente não tinha certos medos, sempre fiz o que quis e o meu sobrenome sempre ajudou nisso, ser um herdeiro milionário desde o nascimento, me fez sempre ter tudo o que eu queria, e ser uma pessoa esperta me faz ter tudo o que quero agora.

— Você deveria mudar, eu não entendo porque você tem tantas ligações com coisas ilegais se a parte legal das suas empresas, já te permitem ter tudo.

— Porque quanto mais você tem, mais você quer— se tem algo que eu não sou, é hipócrita— o dinheiro ilegal me faz ser ainda mais poderoso, os contatos com certas pessoas, me faz sempre estar no topo, porque eu desceria daqui?— digamos que eu tenho alguns contratos ilegais aqui, movimento dinheiro de tudo que é parte alí, e lido com pessoas realmente importantes e perigosas, digamos que eu sou esse tipo de pessoa, comecei a me levantar, iria pra casa, estava com sono— Nós vamos na luxus amanhã, hoje ainda temos um jantar de negócios, lembra?— disse mudando de assunto depois de um tempo, ele bufou se levantando da cadeira, provavelmente esqueceu.

—E vai ser onde essa merda? tua secretaria ficou de me mandar o endereço e não mandou— disse já caminhando logo atrás de mim, deixei a minha sala e encarei minha secretaria, Maria, ela é bem mais velha, trabalhava para o meu pai, e ele exigiu que ela permanecesse, quando foi embora, tinha certeza que eles já tinham se pegado, ela até que é bonita, meu pai não deixaria passar, uma pena ela nao fazer meu tipo, deveria der uns 40 e poucos anos mas era muito eficiente, uma pena mesmo, eu adoraria ter uma foda na frente da minha sala, duvido o trabalho me estressar. Eu assumi a presidência da empresa a pouco tempo, mas ainda assim, quem dava a palavra final ainda é o meu pai, que por hora está meio afastado da empresa, curtindo umas férias e a namorada nova.

— Porque não mandou o endereço do jantar de hoje, Maria?— ela ergueu o olhar para nós, um pouco assustada, ela estava fazendo umas anotações distraída, em sua mesa, e não nos viu saindo da minha sala.

—Mil desculpas, eu, eu é, acabei esquecendo, estava cuidando justamente de confirmar a reserva no restaurante, mas isso não vai se repetir Artur, vou mandar agora mesmo João.— se dirigiu a ele, aqui, alguns funcionários como ela, não se dirigiam a nós com muitas formalidades, era pelo nome mesmo, pois nos viram crescer, lembro de Maria ter me reparado muitas vezes por essa empresa quando eu ainda era criança, e ela era mais nova, e gostosa.

— Tudo bem, é bom que não se repita mesmo, seria péssimo você ficar desempregada.

Aqueles olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora